Page 40 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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compadre! É pequenino, mas vê-se que é saboroso - miou um.
- Mamã! Socorrro! - grasnava o passarito.
- Do que eu mais gosto nos pássaros são as asas. Este tem-nas
pequenas, mas vê- se que as coxas são carnudas - apontou o outro.
Zorbas saltou. No ar tirou para fora as dez unhas das patas dianteiras e,
ao cair no meio dos dois tunantes, esmagou-lhes as cabeças contra o
chão.
Tentaram levantar-se, mas quando o quiseram fazer cada um tinha uma
orelha rasgada por um arranhão.
- Mamã! Queriam comer-me! - grasnou a gaivotinha.
- Comer o seu filho? Não, senhora. De modo algum - miou um com a
cabeça colada ao chão.
- Nós somos vegetarianos, senhora. Vegetarianos rigorosos -
assegurou o outro.
- Não sou uma senhora, seus idiotas - miou Zorbas puxando-lhes as
orelhas para que pudessem vê-lo.
Eriçou-se o pêlo dos dois malvados quando o reconheceram.
- Tem um filho muito bonito, amigo. Será um grande gato - assegurou
o primeiro.
- Pois é, vê-se logo que é um gatinho todo bem parecido - afirmou o
outro.
- Não é um gato. É uma cria de gaivota, seus estúpidos - esclareceu
Zorbas.
- É o que eu estou sempre a dizer aqui ao meu compadre: é preciso ter
filhos gaivotas. Não é verdade, compadre? - declarou o primeiro.
Zorbas decidiu acabar com aquela farsa, mas aqueles dois cretinos
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