Page 41 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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haviam de levar uma recordação das suas garras. Recolheu as patas
dianteiras com um movimento enérgico e as suas garras fenderam uma
orelha de cada um daqueles cobardes. Fugiram a correr com miados de
dor.
- Tenho uma mamã muito valente! - grasnou a gaivotinha.
Zorbas compreendeu que a varanda não era um lugar seguro, mas
também não a podia meter no apartamento porque a avezinha sujaria
tudo e acabaria por ser descoberta pelo amigo da família. Tinha que lhe
procurar um refúgio seguro.
- Vem, vamos dar um passeio - miou Zorbas, e pegou-lhe
delicadamente com os dentes.
CAPÍTULO QUARTO
O perigo não descansa
Reunidos no bazar de Harry, os gatos decidiram que a avezinha não
podia continuar no apartamento de Zorbas. Eram muitos os riscos que
corria, e o maior de todos não era a ameaçadora presença dos dois gatos
malvados, mas sim o amigo da família.
- Infelizmente os humanos são imprevisíveis. As suas melhores
intenções causam muitas vezes os piores danos - sentenciou Colonello.
- Pois é. Pensemos, por exemplo, no Harry, que é um bom homem, um
grande coração, mas que, como tem uma grande amizade pelo
chimpanzé e sabe que ele gosta de cerveja, pronto, toca a dar-lhe garrafas
de cada vez que o macaco tem sede. O pobre Matias é um alcoólico,
perdeu a vergonha, e sempre que se embriaga dá-lhe para cantarolar
umas canções terríveis. Terríveis! - miou Sabetudo.
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