Page 38 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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Porquê sempre eu, heim? - protestou Secretário.
- Porque esta noite, meu caro senhor, vamos ter lulas à romana para o
jantar. Não lhe parece uma boa razão? - disse Colonello.
- Pois o rabo ainda me fede a benzina... Disse lulas à romana... -
perguntou Secretário preparado para trepar para o bidão.
- Mamã, quem são estes? - grasnou a gaivotinha indicando os gatos.
- Mamã! Chamou-te mamã! Que terrivelmente terno! - conseguiu
Sabetudo exclamar, antes de o olhar de Zorbas o aconselhar a calar a
boca.
- Bom, caro amico, cumpriste a primeira promessa, estás a cumprir a
segunda e só te resta a terceira - declarou Colonello.
- A mais fácil: ensiná-la a voar - miou Zorbas ironicamente.
- Havemos de conseguir. Estou a consultar a enciclopédia, mas o saber
leva o seu tempo - garantiu Sabetudo.
- Mamã Tenho fome - interrompeu-os a gaivotinha.
CAPÍTULO TERCEIRO
O perigo espreita
As complicações começaram ao segundo dia do nascimento. Zorbas
teve que atuar drasticamente para evitar que o amigo da família
descobrisse tudo. Mal ouviu a porta, virou um vaso vazio por cima da
gaivotinha e sentou-se-lhe em cima. Por sorte o humano não foi à
varanda e da cozinha não ouvia o grasnar de protesto.
O amigo, como sempre, limpou o caixote, mudou a areia, abriu uma
lata de comida e, antes de partir, assomou à porta da varanda.
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