Page 42 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
P. 42
- E que dizer do mal que causam intencionalmente? Pensem na pobre
gaivota que morreu por culpa da maldita mania de envenenarem o mar
com o seu lixo - acrescentou Secretário.
Depois de uma curta deliberação concordaram em que Zorbas e a
gaivotinha viveriam no bazar até que ela aprendesse a voar.
Zorbas iria ao seu apartamento todas as manhãs para que o humano não
se alarmasse, e depois voltaria para tratar dela.
- Não seria mau que o passarito tivesse um nome - sugeriu Secretário.
- É exatamente o que eu ia propor. Receio que tirar-me os miados da
boca seja superior às suas forças - queixou-se Colonello.
- Estou de acordo. Deve ter um nome, mas antes é preciso saber se é
macho ou fêmea - miou Zorbas.
Ainda não havia acabado de miar e já Sabetudo tinha tirado da estante
um volume da enciclopédia: era o volume vinte, correspondente à letra
"S", e passava as páginas à procura da palavra sexo".
Infelizmente a enciclopédia não dizia nada sobre o modo de reconhecer
o sexo de uma cria de gaivota.
- Temos de reconhecer que a tua enciclopédia não nos serviu de muito
- queixou- se Zorbas.
- Não admito dúvidas sobre a eficácia da minha enciclopédia! Todo o
saber está naqueles livros - respondeu Sabetudo, ofendido.
- Gaivota. Ave marinha. O Barlavento! O único que nos pode dizer se
é macho ou fêmea é o Barlavento - garantiu Secretário.
- É exatamente o que eu ia miar. Proíbo-o de continuar a tirar-me os
miados da boca - resmungou Colonello.
Enquanto os gatos miavam, a gaivotinha dava um passeio por entre
Página 42