Page 53 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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- Verificando extensão dos pontos C e D - obedeceu Ditosa
estendendo as duas asas.
- Perfeito! - declarou Sabetudo. - Vamos repetir tudo mais uma vez.
- Pelos bigodes do rodovalho! Deixa-a voar de uma vez! - exclamou
Barlavento.
- Lembro-Lhe que sou eu o responsável técnico do voo! - respondeu
Sabetudo. - Tudo tem de estar convenientemente garantido, pois de
contrário as consequências podem ser terríveis para a Ditosa. Terríveis!
- Tem razão. Ele sabe o que está a fazer - opinou Secretário.
- É exactamente o que eu ia a miar - respingou Colonello. - Alguma
vez deixará você de me tirar os miados da boca?
Ditosa estava ali prestes a tentar o seu primeiro voo, porque na última
semana tinham ocorrido dois factos que fizeram com que os gatos
compreendessem que a gaivota desejava voar, embora ocultasse muito
bem o seu desejo.
O primeiro aconteceu certa tarde em que Ditosa acompanhou os gatos
a apanhar sol no telhado do bazar de Harry. Já tinham desfrutado dos
raios de sol durante uma hora quando viram três gaivotas voando lá em
cima, muito lá no alto.
Eram belas de ver, majestosas, recortadas contra o azul do céu. Havia
momentos em que pareciam paralisar-se, flutuar simplesmente no ar de
asas estendidas, mas bastava um leve movimento para se deslocarem
com uma graciosidade e uma elegância que faziam inveja, e apetecia
estar com elas lá em cima. De repente os gatos deixaram de olhar para o
céu e poisaram os olhos em Ditosa. A jovem gaivota observava o voo
das suas congéneres e, sem se dar conta disso, estendia as asas.
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