Page 55 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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Batia no chão com as patas e movia o bico nervosamente.
- Queres voar, menina? - inquiriu Zorbas.
Ditosa olhou-os um a um antes de responder.
- Quero! Por favor, ensinem-me a voar!
Os gatos miaram a sua alegria e meteram logo patas à obra.
Haviam esperado longamente por aquele momento. Com toda a
paciência que caracteriza os gatos, tinham esperado que a jovem gaivota
lhes comunicasse os seus desejos de voar, porque uma ancestral
sabedoria os levava a compreender que voar é uma decisão muito
pessoal. E o mais feliz de todos era Sabetudo, que já tinha encontrado os
fundamentos do voo no volume doze, letra "L", da enciclopédia, e por
isso se encarregaria de dirigir as operações.
- Pronta para a descolagem! - ditou Sabetudo.
- Pronta para a descolagem! - anunciou Ditosa.
- Comece o percurso pela pista empurrando para trás o chão com os
pontos de apoio A e B - ordenou Sabetudo.
Ditosa começou a avançar, mas lentamente, como se patinasse sobre
rodas mal oleadas.
- Mais velocidade! - exigiu Sabetudo.
A jovem gaivota avançou um pouco mais veloz.
- Agora estenda os pontos C e D! - ensinou Sabetudo.
Ditosa estendeu as asas e continuou a avançar.
- Agora levante o ponto E! - ordenou Sabetudo.
Ditosa levantou as penas da rabadilha.
- E agora mova de cima para baixo os pontos C e D para empurrar o ar
para baixo e simultaneamente encolha os pontos A e B! - ensinou
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