Page 59 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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fizeram uma lista de todos os que conheciam, e foram-nos eliminando
um a um.
- O René, o chefe de cozinha, é sem dúvida um humano justo e
bondoso. Reserva-nos sempre uma porção das suas especialidades, que
Secretário e eu devoramos com prazer. Mas o bom do René só entende
de temperos e de tachos, e não nos seria de grande ajuda neste caso -
afirmou Colonello.
- O Harry também é boa pessoa. Compreensivo e amável com toda a
gente, inclusive com o Matias, a quem desculpa tropelias terríveis,
terríveis!, como tomar banho em patchuli, esse perfume que tem um
cheiro terrível, terrível! Além disso, Harry sabe muito de mar e de
navegação, mas de voo acho que não faz a menor ideia - comentou
Sabetudo.
- O Carlo, o chefe dos criados do restaurante, garante que eu lhe
pertenço e eu deixo-o acreditar nisso porque é bom tipo. Ele entende de
futebol, de basquetebol, de voleibol, de corridas de cavalos, de boxe e
de muitos mais desportos, mas, lamentavelmente, nunca o ouvi falar de
voo - informou Secretário.
- Pelos caracóis da anémona! O meu capitão é um humano encantador,
tanto que na sua última briga num bar de Antuérpia enfrentou doze tipos
que o ofenderam e só deixou metade fora de combate. Além disso, sente
vertigens até quando sobe para cima de uma cadeira. Pelos tentáculos do
polvo! Não acho que nos sirva - decidiu Barlavento.
- O garoto lá da minha casa entendia-me. Mas está de férias, e que é
que um garoto pode saber de voar? - miou Zorbas.
- Porca miséria!, acabou-se-nos a lista - resmungou Colonello.
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