Page 54 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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- Olhem para aquilo. Quer voar - comentou Colonello.
- Sim, já é tempo de voar - aprovou Zorbas. - Já é uma gaivota grande
e forte.
- Ditosa, voa! Tenta! - animou-a Secretário.
Ao ouvir os miados dos seus amigos, Ditosa dobrou as asas e
aproximou-se deles. Deitou-se ao pé de Zorbas e começou a fazer um
ruído com o bico fingindo ronronar.
O segundo facto deu-se no dia seguinte, quando os gatos estavam a
ouvir uma história de Barlavento.
- ... e, como lhes ia miando, as ondas eram tão altas que não podíamos
ver a costa e, pela gordura do cachalote!, para cúmulo dos males
tínhamos a bússola avariada.
Havia cinco dias e cinco noites que estávamos no meio do temporal, sem
saber se navegávamos para o litoral ou se estávamos a entrar pelo mar
adentro. Então, quando já nos sentíamos perdidos, o timoneiro viu o
bando de gaivotas. Que alegria, companheiros! Virámos de proa
seguindo o voo das gaivotas e conseguimos chegar a terra firme. Pelas
presas da barracuda! Aquelas gaivotas salvaram-nos a vida. Se não as
tivéssemos visto, eu não estaria aqui a miar-lhes a história.
Ditosa, que seguia sempre com muita atenção as histórias do gato de
mar, escutava-o de olhos muito abertos.
- As gaivotas voam em dia de tempestade? - perguntou ela.
- Pelas descargas das enguias! As gaivotas são as aves mais fortes do
universo - assegurou Barlavento. - Não há pássaro que saiba voar
melhor que uma gaivota.
Os miados do gato de mar penetravam fundo no coração de Ditosa.
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