Page 76 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
P. 76

Tão atraente era a vista dessa ilha maravilhosa, que os Portugueses não

                  hesitaram um minuto sequer em desembarcar numa das suas praias. E logo


                  para eles correram as nereidas, coroando-os de flores.

                  A rainha das nereidas, que se chamava Tétis, pegou na mão de Vasco da

                  Gama e conduziu-o para o alto de um monte, onde um palácio de cristal e

                  de oiro se erguia, resplandecendo ao sol.

                  Assistiram aí a danças e a jogos, ouviram músicas harmoniosas, gozaram


                  alegrias inefáveis.

                  Mas  já  um  grande  banquete  se  preparava  para  restaurar  as  forças  dos

                  Portugueses,  que  a  viagem  comprida  e  as  canseiras  de  bordo  tinham

                  enfraquecido e minado...

                  Foi no palácio de Tétis o grande banquete.


                  Mesas cobertas de belos manjares enchiam uma vasta sala.

                  Em cadeiras de cristal sentaram-se os Portugueses e as nereidas aos pares.

                  À cabeceira da mesa havia duas cadeiras de oiro — tomaram nelas lugar o

                  Gama e Tétis.

                  Os pratos onde serviam as iguarias eram de oiro, também. Tinham-nos ido


                  buscar a um riquíssimo tesoiro escondido sob as águas do Mar, e que estava

                  há muitos, muitos anos, sob a guarda da Rainha daquela Ilha.

                  Vasos  de  diamantes  transbordavam  de  vinhos  doces  e  cheirosos,  que

                  espumavam maciamente.

                  Bebendo  e  comendo,  os  Portugueses  esquecem  as  passadas  misérias  e


                  dificuldades. Riam e falavam com entusiasmo.

                  Suaves músicas se ouviam, tão suaves que até consolariam os condenados

                  às penas do Inferno!

                  Tétis começou então a cantar com a sua voz melodiosa um grande canto de

                  louvor ao povo lusitano.
   71   72   73   74   75   76   77   78   79   80   81