Page 88 - As Viagens de Gulliver
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andando,  ora  nadando,  cheguei  ao  porto  real  de  Blefuscu,  onde  o  povo  tanto
      tempo esperara por mim. Deram-me dois guias para me levar à capital, que tem
      o mesmo nome. Conservei-os nas mãos até chegar a cem toesas das portas da
      cidade  e  pedi-lhes  que  avisassem  da  minha  chegada  um  dos  secretários  de
      Estado, e lhe fizessem saber que aguardava as ordens de Sua Majestade. Como
      resposta recebi, uma hora depois, a notícia de que Sua Majestade, acompanhado
      de toda a comitiva, vinha receber-me. Adiantei-me cinqüenta toesas, e o rei e a
      comitiva  apearam-se  de  suas  montadas;  a  rainha  e  suas  aias  saíram  dos  seus
      coches, e não notei que a minha presença os assustasse. Deitei-me no chão para
      beijar as mãos do rei e da rainha.














          Disse a Sua Majestade que viera, cumprindo a minha promessa e com
      licença do imperador meu amo, para ter a honra de visitar tão poderoso príncipe,
      e para lhe oferecer todos os serviços que dependessem de mim e que não fossem
      contrários aos deveres contraídos com o meu soberano, sem aludir, porém, ao
      meu desvalimento.
          Não enfastiarei o leitor com os pormenores da minha recepção, que foi
      consoante à generosidade de tão grande príncipe, nem com os incômodos por
      que passei à míngua de uma casa ou de uma cama, sendo obrigado a dormir no
      chão embrulhado na minha manta.
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