Page 85 - Mitos y cuentos egipcios de la época faraónica (ed. Gustave Lefebvre)
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88 MITOS Y CUENTOS EGIPCIOS DE LA ÉPOCA FARAÓNICA
aquél que navega con ella, no aborda la tierra, su barco no atraca en su
puerto de origen.
»No seas pesado, tú (ya) no eres ligero. No seas lento, tú (ya) no eres
rápido. No seas parcial, y no escuches / [B2,l 05] a (tu) corazón. No ocul
tes tu rostro frente a131 aquél a quien tú conoces. No seas ciego frente a
aquél a quien (una vez) contemplaste. No rechaces a quien viene a ti su
plicándote. Deshazte de esta tardanza en proclamar tu sentencia. Actúa
para aquél que actúa por ti. No prestes oídos a todo el mundo cuando un
hombre apela (a ti), para (juzgar) su justa causa132. No hay «ayer» para el
indolente133; /[B2,110] no hay amigo para aquél que está sordo a la justi
cia; no hay día para el hombre ambicioso.
»Aquél que denuncia134 se vuelve un pobre miserable y el miserable
está destinado a ser un suplicante: (su) adversario se convierte en (su) ver
dugo. Mira, te dirijo una súplica y no la escuchas. Encomendaré pues una
súplica /[B2,l 15] respecto a ti a Anubis133.»
Conclusión
Entonces el gran intendente Rensi, hijo de Meru, envió dos guardias
para hacerlo volver. El campesino tuvo miedo, pues imaginaba que se
hacía esto para castigarle por el discurso que había hecho.
Y dijo el campesino: «Acercarse a los lugares de agua para un hombre
sediento, tender la boca /[B2,120] hacia la leche para un niño de pecho,
tal es la muerte, que se quiere ver y que (aún) no ha llegado, (para aquél)
hacia quien viene (por fin) su muerte, tarde»136. Pero el gran intendente
Rensi, hijo de Meru, dijo: «No temas, campesino: porque si se ha hecho
1.1 E s d e c ir: p a ra n o ve r. L a m is m a e x p r e s ió n e n B 1 . 1 6 7 (p. 8 0 ).
132 M is m a fra s e e n B l , 2 6 9 - 2 7 0 (p. 8 4).
1.1 N o h a y d ía p a s a d o a l c u a l s u e sp íritu p u e d a re fe rirs e c o n p la ce r.
134 E l c a m p e s in o e s q u ie n h a v e n id o a d e n u n c ia r (w ts , c fr. Westcar, 1 2 , 1 6 ; 1 2 , 2 3 ) a D je h u
tin a k h t: to d o lo q u e h a g a n a d o e s s e r a ú n m á s m is e r a b le q u e p r e v ia m e n te , y v e r s e re d u c id o a
h a c e r su p lic a tra s sú p lic a . S u a d v e r s a r io te rm in a rá p o r v e n c e r a su in sis te n c ia y p o r c a u s a rle la
m u e rte .
135 E ra s e d e s e n tid o in cie rto : e s p o s ib le q u e e l c a m p e s in o se p r o p o n g a d irig irs e a A n u b is
( A n u p ), su p a tr ó n (cfr. n o ta 7 ), q u e p o d ía te n e r u n a c a p illa e n la s p ro x im id a d e s ; p u e d e s e r ta m b ié n
q u e , c re y é n d o s e c o n d e n a d o a m o rir, d e c la re q u e u n a v e z c e rc a d e A n u b is, d io s d e lo s m u e rto s , le
e x p o n d r á la in d ife r e n c ia c o n la q u e h a s id o tra ta d o p o r la ju stic ia h u m a n a . E n to d o c a s o , e stá
d e c id id o a n o c o n tin u a r d e la n te d e R e n s i, y se v a .
116 [N . d e l T .: L a a fir m a c ió n q u e h a c e a q u í e l c a m p e s in o re c u e r d a d e fo r m a m u y su g e s tiv a
lo s p o e m a s d e l Dialogo del Desesperado, d o n d e se c a n ta a la m u e rte c o m o u n fin b u s c a d o , c o m o u n a
s a lv a c ió n a n h e la d a . A d e m á s d e tra ta rs e d e te x to s c a s i c o n t e m p o r á n e o s , q u e r e fle ja n u n a c ie rta
m o d a o u n a s a c titu d e s m e n ta le s im p e ra n te s (y q u e n o se e n c u e n tra n e n te x to s p o s t e rio r e s al R e i
n o M e d io ), la situ a c ió n tó p ic a e n la q u e lo s p ro t a g o n is t a s d e a m b a s o b r a s se sitú a n e s sim ila r: u n a
in ju stic ia in s u frib le , u n a re a lid a d fre n te a la q u e n a d a se p u e d e h a c e r (al m e n o s p o r u n o m ism o ).
L a sa lid a , e n e s t o s c a s o s , p u e d e s e r la m u e rte . P a ra u n a tra d u c c ió n d e lo s p o e m a s d e l Diálogo del
Desesperado, c fr. J . M . S e rr a n o , Testos para la Historia Antigua de Egipto, c it., p p . 2 7 3 - 2 7 6 ] .