Page 85 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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A contagem regressiva finalmente havia terminado e o relógio indicava que
deveria seguir para o meu primeiro dia de aula. Diferentes emoções misturavam-se
dentro de mim: um pouquinho de coragem e mais um misto de curiosidade, medo e
ansiedade por algo novo fizeram com que meus pés seguissem o trajeto que havia
aprendido a fazer até a escola. Quando lá cheguei, senti que jamais seria a mesma
pessoa... era um passo que não poderia me fazer voltar para trás, mas sempre seguir
além. Minha timidez e insegurança inicial deram espaço para uma criança que desejava
lutar e “pertencer” àquele mundo. Quantas alegrias, quanta evolução e quanto
crescimento aquele lugar plantou em mim! São muitas as memórias e hoje lembro com
enorme saudade daqueles rostinhos que vieram a ser meus amigos: com eles aprendi
que havia irmãos e irmãs que o coração da gente escolhe, aprendi a jogar queimada, a
brincar de cabra-cega, mãe-cola, alerta, bambolê, amarelinha e até a fazer planos
mirabolantes para caçar fantasmas no velho casarão abandonado, ao lado da nossa
escola. Sinto informar que esse plano foi fracassado devido à Dona Rosa, professora do
segundo ano, que me apanhou em cima do alto muro, tentando pular para o terreno
abandonado: “Isso não é coisa de menina! ”, foi uma das muitas broncas que escutei dela
aquele dia e tão rápido quanto subi, desci, fugindo para a segurança da minha sala de
aula. Minha professora percebeu o constrangimento e após uma conversação com a
turma, fomos incentivados a elaborar e escrever uma crônica, a respeito das nossas
histórias horripilantes, que depois seriam compiladas num livrinho de papel. Lembro que
o grande prêmio – uma caixa de lápis de cor – foi para um dos meus melhores amigos,
que chamávamos carinhosamente de “ferrugem”. Você deve imaginar o porquê desse
apelido, certo? Ele era um menininho ruivo, cheio de sardas e muito falante, que não
deixava ninguém cair na mesmice da rotina e sempre concordava com as minhas
sugestões de brincadeiras! Naquele tempo, não haviam celulares, computadores,
internet e mesmo os brinquedos eram escassos, por isso, tínhamos que ser criativos para
inventar brincadeiras e nos divertir.
Na ciranda da vida, o tempo passou rápido e para frequentar o “ginásio” (que
correspondia aos quatro anos finais do atual ensino fundamental), foi necessário mudar
da escola para um “colégio”. Paralelamente às mudanças físicas da adolescência, a
mudança para esta nova instituição trazia consigo um sentimento pela busca de
identidade, pela independência e autonomia, pois já não me sentia uma criancinha.
Naquele ano de 1991, o final do verão trouxe o outono e a presença de novos amigos,
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES