Page 97 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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16. Autobiografia – Por Sirley Rosa Bueno Seixas
Este Memorial reflete o movimento de uma relação circundada em experiências
formativas, baseado na minha vida pessoal, profissional e acadêmica. A escolha pelo
magistério foi uma realização de infância, dos tempos que nos reuníamos, crianças
vizinhas e familiares, passávamos horas brincando de ensinar e aprender.
Sou fruto de uma família patriarcal, que culturalmente alimentavam
preconceitos hereditários, tais como ̈ a mulher deveria esquentar a barriga no fogão e
esfriar no tanque¨, ̈o primogênito para ser validado deve ser macho.̈ Meu pai foi
alcoólatra, minha mãe, buscou seu fortalecimento em acolher seus familiares que
viviam com dificuldades, esse contexto me impulsionou a ser protagonista dessa
quebra de paradigmas, insistindo em estudar, realizando muitos enfrentamentos, aos
quais a fuga, a todos conflitos, foi uma aliada, acreditei ser a melhor opção de vida, ir
para o convento das Irmãs Franciscanas, bem precocemente, aos catorze anos, ficando
lá por oito meses, todos os finais de semana, até o dia 21 de novembro de 1982, quando
fomos a uma romaria agendada pela CEB ( Comunidade Eclesial de Base), com destino
a Lapa-Pr, foi quando conheci o homem da minha vida, passamos a fazer
enfrentamentos juntos, ele era roqueiro, extremamente caracterizado, com cabelos ao
ombro, criando uma decepção a todos, ao extremo de sermos excomungados da
denominação que frequentávamos, para minha família, foi intensamente,
decepcionante.
Após longos quatro anos, nos casamos, tive oportunidade de continuar minha
formação acadêmica, conclui o magistério, acordamos em engravidar, tivemos nossa
primeira filha e na segunda gravidez, tive muitas complicações de saúde, meus rins
pararam de funcionar tive que realizar uma cirurgia com corte, no terceiro mês de
gravidez, correndo risco de morte eu e o bebê, mas eu tinha uma perseverança, uma fé,
que atribuo a Deus, que em nenhum momento duvidei que iríamos superar com vida,
vencemos esse obstáculo, no sétimo mês de gravidez, tive embolia pulmonar, passamos
mais riscos, quando tomei consciência do que vivia, já estava indo para o centro
cirúrgico, para realizar a cesariana, nossa segunda filha nasceu, teve várias
complicações consequentes a tudo o que passamos, e concernentes a um bebê
prematuro, recebemos dos médicos uma carta com a possibilidade de deficiência
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES