Page 98 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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intelectual de nossa filha, nos colocamos com toda humildade e fé, nos propondo a
aceitarmos os desígnios de Deus, como cristãos que somos, também projetei dois
objetivos, acompanhar o crescimento de nossas filhas por cinco anos e quando
retornar profissionalmente a Educação, fazê-lo com toda a dedicação e de forma
intencional trabalhar com pessoas com deficiências. Nossa filha cresceu e foi
superando todos os dias os obstáculos e expectativas médicas, voltei ao ¨magistério¨,
na rede pública Estadual, como alfabetizadora.
Na sequência, fiz concurso no município de Campo Largo, para professora. Não
satisfeita em atuar apenas como professora alfabetizadora fui fazer o curso de pós-
médio de Ensinos Adicionais em Deficiência Mental, onde encontrei-me
verdadeiramente. Esta experiência de formação me permitiu estagiar no Pequeno
Cotolengo, onde me propiciou um acréscimo profissional significativo. A partir de
então, passei a trabalhar como professora de Classe Especial, onde meu primeiro
projeto foi mudarmos o nome da turma para: “Classe dos Guerreiros”.
Em 1997, iniciamos a flexibilização curricular, contextualizando conteúdos e
práticas pedagógicas, reconhecidas até hoje, pelos alunos egressos através das redes
sociais. No decorrer das políticas educacionais, foram se estabelecendo as Salas de
Recursos, das quais trabalhei por cinco anos. Após isto, foram implantadas as Salas de
Recursos Multifuncionais, onde ocorriam várias práticas pedagógicas com alunos que
tinham diversas dificuldades de aprendizagem e comportamento, envolvendo os pais
e a comunidade. Nessa época vivenciei um problema de saúde, que foi um AVC
(Acidente Vascular Cerebral), onde vivenciei, o que é ser uma pessoa com deficiência,
ainda que temporariamente, vindo a me recuperar totalmente tive uma maior
compreensão da importância do meu papel e aprimoramento profissional.
Como Ferreira Gullar entendi, sentindo que: “A vida vale a pena. Embora o pão
seja caro e a liberdade pequena”. Quando o que fazemos no modo automático, se torna
impossível, valorizamos a simples liberdade de trocarmos de posição sozinhos na
cama, de reaprendermos a falar e andar, com fisioterapias intensas, choro de
frustração e alegria de superação. Seguimos com muita gratidão.
No ano de 2010 em continuidade às atividades, trabalhamos o Projeto
Biblioteca Viva e em 2011 fui diretora de uma das escolas da rede municipal, quando
fui convidada a compor a Pasta da Secretaria Municipal de Educação, como
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES