Page 92 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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frase que se ouvia é “vai ser pobre”, discursos que desencorajam os alunos, a ponto de
               fazê-los desistir da docência.

                      Além disso, percebo inclusive que tal discurso está presente em muitas escolas,
               ou melhor, fábricas de aprovação, que cultuam bom desempenho no ENEM, a ponto de

               idealizar nos alunos a ideia de que “futuro” está nas profissões de prestígio social. Isso,
               infelizmente, é tão evidente que nas escolas privadas não se vê aprovação em cursos de

               licenciatura  em  posts  do  instagram,  raros  são  os  episódios.  Sou  formado  em  letras
               vernáculas pela UNIFACS, tenho pós-graduação em Pedagogia Educacional (Cândido

               Mendes), pós em docência e ensino de Língua Portuguesa (Descomplica), e, atualmente
               estou cursando Design Gráfico e Digital na (FAM). Costumo dizer que a docência me

               escolheu, pois, quando comecei a graduação, não sabia como seria, tinha dúvidas se era
               isso mesmo, até pela expectativa da profissão, na época.

                      No  entanto,  tenho  gratidão  pelos  companheiros  de  profissão  que  tive,  e  me
               recordo com carinho da equipe do CEPASO - Colégio Estadual Professor Aristides de

               Souza Oliveira, visto que foram profissionais acolhedores, ajudaram-me na caminhada,
               sejam nas sugestões, seja no incentivo e, hoje, percebo como muito do que sou hoje

               como professor é fruto dos professores que participaram da minha jornada, que me
               inspiram a não desistir, apesar dos desafios, dessa profissão que marca pessoas, que

               molda subjetividades.
                      A experiência do estágio foi o meu casamento com a docência, e hoje, reproduzo

               em sala de aula, em formação de professores, o amor que sinto pelas "crianças", forma
               pela qual costumo chamar os meus alunos, o amor que sinto ao dizer que sou professor.

               Estou em sala desde 2017, e como professor, acredito que a afetividade e a ludicidade
               atrelada à práxis fazem diferença no fazer docente. Wallon (1995) aponta que o ensino é

               muito mais qualitativo, interessante para educando, quando o professor é alguém que
               estabelece  uma  conexão  cognitiva  e  afetiva  na  promoção  da  aprendizagem.  Meus

               alunos,  por exemplo, costumam  dizer que  eu  devo  ter  uma bateria  ligada  no  corpo,
               porque chego sempre enérgico para dar aula, perceptível na forma como leciono, tiro as

               dúvidas e, até mesmo nos materiais que produzo, revelando o meu amor pela profissão.







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                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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