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LOSURDO. PRESENÇA E PERMANÊNCIA

pondo bruscamente fim ao período das guerras bo-
napartistas e assegurando o desenvolvimento indus-
trial pacífico, de modo a tornar impossível qualquer
guerra que não seja uma guerra mundial de inédita
crueldade e cujo desfecho seria absolutamente incal-
culável” .
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Engels previu, pois, em 1895, a dimensão mundial e a “inédi-
ta crueldade” que assumiria “uma guerra mundial”, mas supôs que o
poder destrutivo das novas armas exerceria efeito dissuasivo sobre o
militarismo das potências europeias, exorcizando o horrível espectro
do triunfo universal da morte e tornando plausível a hipótese de um
“desenvolvimento industrial pacífico”. Dezenove anos depois, em julho/
agosto de 1914, desmentindo essa expectativa otimista, os chefes de
Estado e de governo das potências europeias desencadearam o dilúvio
de fogo, chumbo, aço, explosivos, gases tóxicos que mudou brusca e
catastroficamente o curso da história mundial, recobrindo o continente
europeu de um “charco sangrento e putrefato”. Essa horrível carnificina
deslocou para a Rússia a vaga de fundo da luta revolucionária.

***

Com razão, Azzarà salienta a decisiva importância da “revolução
filosófica e política operada por Lênin”, o qual, “pela primeira vez, con-
duziu o marxismo para além dos seus limites eurocêntricos, conjugando
a luta de classe do proletariado europeu com as lutas de emancipação
nacional dos países colonizados pelo Ocidente”. Podemos dizer mais:
ele também conduziu o marxismo para além dos seus limites obrei-
ristas. Ninguém melhor que Lênin deu conta da complexa dialética da
confirmação/retificação da teoria. Imperialismo, estágio superior do capita-
lismo imprimiu ao marxismo uma inflexão teórica cujo alcance pode ser

9 ENGELS, Introdução de 1895 a Les luttes de classe en France. Paris, Éditions Sociales, 1974, p. 22-23.

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