Page 275 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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engenhosa. Ele me expõe ao golpe de Barzini e herda a Família Corleone. Ele está do meu lado e
sai limpo do negócio; pensa que eu não posso ganhar.
Hagen fez uma pausa e perguntou com relutância:
— Até onde ele está pensando certo?
Michael deu de ombros.
— A coisa não parece boa. Mas meu pai era a única pessoa que sabia que ligações e poder
políticos valem dez regimes. Penso que tenho agora nas mãos a maior parte do poder político do
meu pai, mas sou a única pessoa que realmente sabe disso.
Ele sorriu para Hagen tranqüilizadoramente:
— Eu os farei chamar-me de Don. Mas me sinto enojado com Tessio.
— Você concordou em comparecer à reunião com Barzini? — perguntou Hagen.
— Concordei — respondeu Michael. — Daqui a uma semana. No Brooklyn, no território de
Tessio, onde estaremos seguros.
Michael deu outra gargalhada.
— Tome cuidado até lá — aconselhou Hagen.
Pela primeira vez Michael falou friamente a Hagen:
— Não preciso de um consigliori para me dar esse tipo de conselho.
Durante a semana que precedeu a reunião de paz entre as Famílias Corleone e Barzini,
Michael mostrou a Hagen como podia ser cauteloso. Não pôs o pé fora da alameda uma só vez,
nem tampouco recebeu qualquer pessoa sem ter Neri a seu lado. Houve apenas uma
complicação desagradável. O filho mais velho de Connie e Carlo devia ser crismado na Igreja
Católica e Kay pediu a Michael que fosse o padrinho. Michael não aceitou.
— Não lhe peço muitas coisas — respondeu Kay. — Por favor, faça isso por mim. Connie
deseja tanto que você faça. Carlo também. É muito importante para eles. Por favor, Michael.
Kay percebeu que ele ficou zangado com ela por insistir e esperava que ele recusasse.
Portanto, ficou surpresa quando ele acenou com a cabeça e respondeu:
— Está bem. Mas não sairei da alameda. Diga a eles que arranjem para que o padre venha
crismar o menino aqui. Eu pagarei, custe o que custar. Se eles encontrarem alguma dificuldade
com o pessoal da igreja, Hagen acertará as coisas.
E assim, no dia anterior à reunião com a Família Barzini, Michael Corleone serviu de
padrinho do filho de Carlo e Connie Rizzi. Ele presenteou o menino com um relógio de pulso
extremamente caro e uma pulseira de ouro. Houve uma pequena festa na casa de Carlo, para a
qual foram convidados os caporegimes, Hagen, Lampone e todas as pessoas que moravam na
alameda, inclusive, naturalmente, a viúva de Don Corleone. Connie estava tão emocionada que
abraçou e beijou o irmão e Kay durante toda a noite. E até Carlo Rizzi se tornou sentimental,
apertando a mão de Michael e chamando-o de Padrinho a todo momento — um velho costume
da Sicília. O próprio Michael nunca foi tão amável, tão expansivo. Connie sussurrou no ouvido de
Kay:
— Acho que Carlo e Mike vão ser verdadeiros amigos agora. Uma coisa como essa sempre
une as pessoas.
Kay apertou o braço da cunhada.
— Sinto-me tão feliz — exclamou ela.