Page 89 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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— McCluskey — respondeu Hagen. — A propósito, você pode se sentir melhor em saber que
a Família Corleone conseguiu marcar um ponto. Bruno Tattaglia, às quatro horas da manhã.
Michael endireitou-se no assento do carro.
— Como é que foi? Pensei que a gente ia ficar somente na expectativa.
Hagen deu de ombros.
— Depois do que aconteceu no hospital, Sonny engrossou. Os nossos homens estão todos
espalhados em Nova York e Nova Jersey. Fizemos a lista ontem à noite. Estou tentando conter
Sonny, Mike. Talvez você possa falar com ele. Esse negócio todo pode ainda ser resolvido sem
uma guerra arrasadora.
— Vou falar com ele — disse Michael. — Há alguma reunião esta manhã?
— Sim — respondeu Hagen. — Sollozzo finalmente entrou em contato conosco e quer um
encontro. Um intermediário está tratando dos detalhes. Isso significa que nós vencemos. Sollozzo
sabe que está perdido e quer sair com vida dessa confusão.
Hagen fez uma pausa.
— Talvez ele pensasse que nós estivéssemos fracos, prontos para ser derrotados, porque não
rechaçamos os seus golpes. Agora com um dos filhos de Tattaglia morto, ele sabe o que
queremos dizer. Ele realmente se arriscou muito enfrentando Don Corleone. A propósito,
obtivemos a confirmação sobre Luca. Eles o mataram na noite anterior àquela em que balearam
seu pai. No cabaré de Bruno. Você pode imaginar uma coisa dessa?
— Não é de admirar que eles o apanhassem desprevenido — ponderou Michael.
Nas casas de Long Beach, a entrada para a alameda estava bloqueada por um carro preto
comprido, estacionado estrategicamente bem na frente, com dois homens encostados na capota.
As duas casas de cada lado, Michael percebeu, se encontravam com as janelas do andar superior
abertas. Pelo visto, Sonny estava realmente disposto a tudo.
Clemenza estacionou o carro do lado de fora da alameda, e eles entraram a pé. Os dois
guardas eram homens de Clemenza e ele franziu as sobrancelhas para eles como que os
cumprimentando. Os homens acenaram com a cabeça, compreendendo. Não houve sorrisos,
nem saudações faladas. Clemenza conduziu Hagen e Michael Corleone na direção da casa.
A porta foi aberta por outro homem de guarda, antes que eles tocassem a campainha. Ele
evidentemente estivera olhando de uma janela. Foram então até o escritório do canto e
encontraram Sonny e Tessio esperando por eles. Sonny aproximou-se de Michael, tomou a
cabeça do irmão mais moço entre as mãos e falou em tom de brincadeira:
— Bonito, bonito.
Michael tirou as mãos do irmão violentamente e foi até a escrivaninha onde se serviu de um
pouco de uísque, esperando que isso amortecesse a dor da mandíbula costurada com fio
metálico.
Os cinco homens sentaram-se em poltronas espalhadas pela sala, mas o ambiente era bem
diferente daquele das primeiras reuniões que tiveram. Sonny estava mais alegre, mais animado,
e Michael compreendia o que essa alegria significava. Não havia mais dúvida na cabeça de seu
irmão mais velho. Ele estava decidido e nada o afastaria de sua decisão. A tentativa de Sollozzo
na noite passada fora o último cartucho. Não podia haver mais qualquer possibilidade de trégua.
— Recebemos um telefonema do intermediário, enquanto você estava ausente — informou
Sonny para Hagen. — O turco quer uma reunião agora. — Deu uma gargalhada. — Veja a
ousadia desse filho da puta! Depois que ele deu azar ontem à noite, quer uma reunião hoje ou
amanhã. Enquanto isso, pensa que vamos esperar e finalmente receber o que ele resolver dar.
Que audácia incrível!
— Que respondeu você? — perguntou Tom cautelosamente
— Eu disse certamente, por que não? — falou Sonny com sarcasmo. — A qualquer hora que
ele quiser, não estou com pressa. Tenho cem homens na rua vinte e quatro horas por dia. Se
Sollozzo puser um fio de cabelo de fora, estará morto. Deixe que eles levem todo o tempo que