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Exemplo da
             diversidade
             de artefatos
          localizados pela
        pesquisa.  Em cima,
        botão de um único
        furo feito em osso,
          moeda e dedal.
           Em sequência,
         escova de dentes
        em osso, cachimbo
             de cerâmica,
         botões em osso e
        miçangas em osso
                e vidro.

                           relações no âmbito dos projetos acadêmicos de ontem   os grupos envolvidos. A preocupação de compartilhar
                           e dos projetos de Arqueologia de Contrato de hoje.   o conhecimento com os auxiliares de campo não
                           Segundo Prous (2006, p. 30), “a pesquisa acadêmica foi   se colocava como questão, mas acontecia de forma
                           quase abandonada no Brasil”. Isso implica mudanças   espontânea, por força do tempo de convivência. Isso
                           de toda ordem, incluindo os contornos dessas relações   talvez tenha impedido reflexões mais pontuais sobre
                           interpessoais que se dão nos trabalhos de campo.  essas relações, uma vez que o contexto dos projetos
                                                                           de pesquisas acadêmicas de longa duração dava uma
                           Os longos projetos acadêmicos permitiam que os
                                                                           ilusória impressão de que todos eram  “guindados a
                           pesquisadores convivessem por anos com o mesmo
                                                                           interlocutores” (Cardoso de Oliveira, 1978, p. 30).
                           grupo de  moradores e, em geral, eram  eles que
                           integravam as equipes auxiliando nas tarefas requeridas   As primeiras reflexões sobre o tema surgem no contexto
                           pela pesquisa de campo. A proximidade com os    da Arqueologia de Contrato, nos anos 1980. Oliveira et
                           auxiliares  muitas vezes se dava fora  do horário de   al. (1988), em um artigo que discutia a etnografia do
                           trabalho. Assim, não era incomum que horas de lazer   trabalho de campo, se detêm em particular na relação
                           fossem compartilhadas por todos. Certo “romantismo”   entre “nós e os trabalhadores”, como são denominados
                           da prática arqueológica em tempos passados promovia   os auxiliares no texto. Entre as muitas dificuldades
                           essa integração entre universos distintos, mas não   apontadas está a alta rotatividade dos trabalhadores,
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                           garantia o estabelecimento de relações simétricas entre   o que fazia com a equipe tivesse que repetir inúmeras





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