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O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL



                           A atividade foi realizada com vinte e dois funcionários   Já o grupo de moradores que trabalhou diretamente
                           que atuam em vários setores do projeto de recuperação   com a equipe de Arqueologia manteve-se praticamente
                           da área da 7ª Etapa. Entre eles há pedreiros, eletricistas   inalterado durante toda a pesquisa. Isso permitiu a
                           e marceneiros. Toda a ação foi acompanhada e apoiada   socialização do conhecimento arqueológico, além
                           pelo chefe da segurança do trabalho da empresa. Os   de promover um ambiente propício para as reflexões
                           funcionários reuniram-se pela manhã, antes de dar início   acerca de nossas relações com as comunidades locais,
                           às suas atividades diárias, e seguiram com a equipe de   do ponto de vista desses auxiliares de campo, como
                           Arqueologia e os técnicos do Iphan para uma das casas   preferimos denominá-los.
                           pesquisadas. No local foram apresentados os métodos
                                                                           As etapas do projeto de Educação Patrimonial foram
                           e técnicas da pesquisa arqueológica, as interpretações
                                                                           precedidas por entrevistas que tinham por  objetivo
                           do  registro  arqueológico  local,  os  aspectos  ligados  à
                                                                           conhecer as representações sobre a Arqueologia e
                           preservação do patrimônio arqueológico, ressaltando-
                                                                           o patrimônio local. Dentre os temas recorrentes nas
                           se a importância do grupo na identificação e no
                                                                           entrevistas, destacamos as narrativas dos auxiliares sobre
                           tratamento do material arqueológico.
                                                                           o trabalho que desempenhavam com os arqueólogos e
                           Após o reconhecimento e manuseio dos materiais   a percepção que os demais colegas, não participantes
                           arqueológicos, alguns participantes relataram a   da pesquisa de campo, tinham sobre o seu trabalho.
                           descoberta  de  peças  durante  obras  no  CHS.  Muitos
                                                                           Retomando a discussão de Goulart, a noção de trabalho
                           admitiram desconhecer o valor dos objetos, e um deles
                                                                           para esses grupos está ligada à força física necessária
                           afirmou ter jogado fora uma moeda porque estava “muito
                                                                           para a execução das tarefas. Um dos auxiliares relata
                           suja”. Essa parte da atividade, na qual o grupo interagiu
                                                                           que um colega seu, de forma irônica, considerava
                           com a equipe, ressalta a urgência na formulação de
                                                                           seu trabalho junto aos arqueólogos como  “trabalho
                           ações mais duradouras para esses profissionais.
                                                                           mole, trabalho sentado”. Os relatos indicam, de forma
                                                                           recorrente, a associação da Arqueologia com  “coisa
                                                                           velha”, com a morte, “vai pegar defunto”, ou ainda, à
                                                                           “macumba”. Para os auxiliares de campo, seus colegas
                                                                           não tinham interesse em visitar as escavações porque
                                                                           “não sabem do que se trata”. Um deles sugere: “Tem
                                                                           que chamar a atenção deles”. Outro completa: “Tem que
                                                                           abrir os olhos deles pelo solo, dizer que o solo é bom ou
         Entrevista com                                                    ruim”. Vários deles narraram situações em que tiveram
          Jailson, auxiliar
             de campo.                                                     de explicar o que faziam, numa clara tentativa de mudar
                                                                           a percepção dos demais: “Não sabem [os colegas] que
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                                                                           chamam a gente de arqueólogo”!





                                                                                              ArqueologiA no Pelourinho
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