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O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
é suficiente para atender as demandas que surgem, • Organização de curso de treinamento de guias
invariavelmente, ao longo desses processos. turísticos (moradores do CHS), com ênfase no
patrimônio arqueológico.
Somado a isso, é preciso rever o período de execução
dos projetos em função de realidades locais. Salvador • Estabelecimento de convênio entre secretarias de
é uma cidade turística com grande aumento de fluxo Educação e Cultura, Iphan e Ipac para a criação
de visitantes e de festividades entre os meses de de programa permanente de preservação do
dezembro e fevereiro. Não apenas as escolas estão em patrimônio arqueológico a partir das escolas locais.
período de férias, mas os moradores, especialmente
• Criação de curso de formação de agentes do
aqueles impactados pelo projeto, atuam na economia
patrimônio para os moradores locais.
informal que cresce em razão dos eventos na cidade
(Lavagem do Bonfim, Carnaval, entre outros). Isso afetou • Sinalização das casas escavadas para fins turísticos.
o cronograma de realização de projetos e implicou a
solução de continuidade de várias atividades propostas. • Montagem de exposição permanente, em parceria
com os moradores, com materiais recuperados nas
Não obstante, avalia-se que as ações executadas, escavações e em local de acesso fácil no CHS.
ainda que pontuais, tiveram papel importante na
sensibilização dos diversos envolvidos no Projeto • Promoção de oficinas para a confecção de produtos
de Pesquisas Arqueológicas da Área da 7ª Etapa inspirados em motivos arqueológicos.
do Pelourinho. A convivência com os moradores,
• Desenvolvimento de projeto de Arqueologia
funcionários, professores, pesquisadores e funcionários
Pública de longo prazo.
do Iphan serviu para reorientar determinadas ações e foi
decisiva para a concretização dos objetivos delineados. Encerramos esse texto com a fala de um dos auxiliares
de campo. Ao avaliar a sua participação no projeto, ele
A partir dessa experiência, propomos algumas medidas
sublinha a dimensão social do patrimônio e afirma a
que podem ser úteis para futuras ações no Centro
sua importância como “construtor” do seu patrimônio,
Histórico de Salvador, mas também para outros
da sua história. Diz ele: “Eu ganhei duas vezes, ganhei
contextos no país (ver Schaan, 2007):
trabalho que é difícil em Salvador e estou participando
• Ampliação das ações de Educação Patrimonial da restauração da minha cidade, do meu local, do chão
voltada para o patrimônio arqueológico, tendo a onde eu piso” . 4
Arqueologia Pública como perspectiva norteadora.
• Parceria com a UFBA para a realização de curso –
semelhante ao da Escola Oficina de Restauração – 4 Jailson, 26 anos. Os auxiliares de campo cujas falas
184 para os funcionários das construtoras, com ênfase foram citadas aqui (e autorizadas por eles) são: Véio, Buiú,
no patrimônio arqueológico. Mimi, Daniel, Bimba, Teletubie e Chia.
ArqueologiA no Pelourinho