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vezes as explicações sobre a pesquisa. Além disso,   o patrimônio arqueológico.  As informações sobre a
            sublinham também o fato de que para muitos deles   Arqueologia acabam sendo transmitidas de maneira
            o trabalho com a equipe de Arqueologia teria pouco   informal e assistemática.
            ou nenhum sentido. Cerca de duas décadas depois,
                                                             A atividade De olho no chão visou apresentar noções de
            constatamos as mesmas dificuldades e ainda refletimos
                                                             Arqueologia e patrimônio e, principalmente, sensibilizar
            pouco sobre a sua solução.
                                                             esses profissionais para sua importância na preservação
            Destacamos como um dos problemas a denominação   do patrimônio arqueológico local. Os participantes são
            dada a esses integrantes das equipes de Arqueologia.   contratados pela empresa  Terraza, uma das poucas
            Em geral, são chamados de  “trabalhadores” ou de   que manifestou interesse pela atividade. As demais
            “braçais” (Fernandes, 2007, p. 112). O primeiro termo   empresas contatadas não puderam ou não quiseram
            os coloca numa categoria genérica, desqualificada, e o   participar.  Na  impossibilidade  de  contemplar todos
            segundo cristaliza essa inferiorização. Isso nos remete   os trabalhadores, na maior parte das vezes pelo
            à discussão proposta por Goulart (2000, p. 66), quando   desinteresse dos responsáveis pelas obras, espera-se
                                                                                                               Funcionários das
            diz que a  “divisão manual-intelectual repousa sobre   que o grupo reunido atue como agente multiplicador   empreiteiras em visita
            o órgão do corpo que executa o trabalho”. Ou seja, o   entre os demais profissionais da categoria.  ao sítio.
            trabalho desses indivíduos é considerado como sendo
            meramente  técnico  e  mecânico,  prescindindo  de
            qualquer reflexão (Fernandes, op.cit.).

            O presente projeto, embora não seja classificado na
            categoria  “contrato”, possui algumas das mesmas
            características que afetam essas relações. Por isso, a
            coordenação do Projeto de Pesquisa Arqueológica
            indicou como condição primordial que a equipe de
            auxiliares de campo fosse contratada na comunidade
            local e que, dentro do possível, se mantivesse a mesma
            até o final do projeto. Isso permitiu o estabelecimento
            de relações muito distintas e benéficas para todos.

            Os  funcionários  contratados  pelas  empresas de
            engenharia responsáveis pelas obras de restauração
            da  área  da  7ª  Etapa  são  os  primeiros  a  entrar  em
            contato com o material arqueológico. Contudo, esses
            profissionais têm recebido pouca ou nenhuma atenção                                                              179
            no âmbito dos projetos educativos que envolvem





            Programa monumenta – IPhan
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