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ser responsabilidade do governo, depois mudando tipos de lixo: o de descarte doméstico, que era o grande
novamente para as mãos de particulares, por meio problema, e o representado principalmente pelos restos
de contratos mais severos e de maior fiscalização em de materiais construtivos, vendido para nivelar terrenos,
sua execução. Mais tarde, a implantação de fornos de que, inclusive, foi utilizado na obra do rio das Tripas,
incineração é a solução encontrada para o problema primeiro para a ocupação de suas margens e depois
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do lixo. para possibilitar sua canalização .
O rio das Tripas começa a ser canalizado em 1851, pelo
governo de Francisco Gonçalves Martins, logo após a
epidemia de febre amarela. Esse rio formava um charco Conclusão
de águas podres no fundo do Mosteiro de São Bento O fato de não ter havido uma política agressiva de
e na Baixa dos Sapateiros, e da sua canalização surge demolição dos cortiços do centro de Salvador, como
a rua da Vala, que se tornará a avenida J. J. Seabra no ocorreu na capital carioca na segunda metade do século
século XX. É importante destacar que existiam dois XIX, não significa que esse tipo de habitação gozou de
aceitação passiva pela sociedade baiana. De maneira
mais sutil e discreta, houve um esforço da administração
e classe médica local para o extermínio de tais habitações,
consideradas focos de doenças e degradantes para a vida
humana, pela imoralidade e devassidão em que viviam
seus habitantes. Teodoro Sampaio, mais uma vez, nos dá
sua impressão sobre o assunto:
Percorrei, à certa hora da noite, esses lugares
Caricatura de
Ângelo Agostini escuros da citada freguesia, e vereis, entaipadas
sobre a mortandade entre quatro paredes escuras, úmidas, jazendo
decorrente da no chão atijolado ou revestido de cimento, sobre
epidemia de febre
amarela em 1876 esteiras, ou pobres leitos impuros, os membros de
(publicada na Revista uma grei numerosa, que o parentesco ajuntou, ou
Illustrada, de 4 de
março de 1876, e a miséria reuniu, e aí verificareis como se envenena
reproduzida em uma população inteira, num ambiente infecto,
Nosso Século. São cujo ar não se renova jamais pela única abertura
Paulo: Abril Cultural,
1980, vol.1, p. 30). que se fecha por necessidade forçada de noturna
segurança. Pela manhã, quando tais antros se
70 16 APEB, seção colonial, presidência da província, obras
públicas, 1825-1851, maço n. 4882.
ArqueologiA no Pelourinho