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Considera-se que a Sé, durante o século XIX, passava constituíam uma categoria ligeiramente majoritária,
por um processo de vulgarização, o que preocupava mas muito distinta da antiga elite que outrora ocupara
as autoridades policiais e os defensores de uma capital a freguesia. Tratava-se muitas vezes de brancos pobres,
moderna e civilizada aos moldes europeus. Os sobrados com ocupações modestas. Outra circunstância ainda
sofriam com os estragos materiais, seus habitantes relativiza essa maioria branca, pois cada categoria de
entregavam-se a pequenos negócios e a trabalhos cor era classificada à parte nos recenseamentos, ou seja,
braçais. Alguns miseráveis não tinham ocupação, se fossem reunidas, a categoria “pessoas de cor” seria
fazendo crescer a preocupação da Igreja e autoridades numericamente muito maior que a categoria branca.
com a mendicância. A população da Sé ainda era
Na segunda metade do século XIX, a população escrava
representativa, mas decaída em estatura social. A
decrescia em Salvador, pois o processo de extinção
freguesia podia oferecer o conforto de uma morada, casa UMA VISÃO HISTÓRICA DA ÁREA DO PROJETO
da escravidão já se delineava. A proibição do tráfico, a
ou andar de sobrado, no centro da cidade, próximo aos
decadência da economia baiana e a consequente venda
lugares onde seus habitantes exerciam suas profissões,
de escravos para as províncias do Sul, assim como o
onde eram espectadores das festas e procissões, mas
aumento do número de manumissões , alteravam o
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era inegável a desintegração social e material de seu
antigo status.
11 Manumissões são alforrias. Acontecia quando
o senhor – em geral na hora da morte ou mediante
Quanto à caracterização étnica da população que pagamento – espontaneamente libertava o escravo por
habitava a Sé em 1855, pode-se dizer que os brancos bons serviços prestados.
Praça dos
Veteranos,
Freguesia da Sé,
Salvador. 1873
(Sampaio, 2005,
p. 179).
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Programa monumenta – IPhan