Page 66 - ASAS PARA O BRASIL
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Fazia menos 30 graus, eu pude enfim decolar e aterrissar com um
dia de atraso na doçura matinal do inverno parisiense... as minhas horas
estavam contadas, só tive o tempo de passar no escritório para verificar as
urgências e pegar o dossiê de um futuro congresso em Sydney onde o
cliente me aguardava no dia seguinte. Chegando de um frio polar no
Canadá, eu decolava na mesma noite para a Austrália onde a esta época do
ano, o calor era sufocante.
Minha estadia só durou três dias nessa cidade, trabalhando ainda por
cima, em escritórios com ar condicionado.
Só o esporte conseguia me fazer recuperar do cansaço, das mudanças de
clima e do fuso-horário que, em dose alta, é particularmente desgastante
para a saúde.
Viagem imprevista
Nos anos 1980, eu tive a oportunidade de fazer uma viagem rápida até
Katmandu (Nepal), no hotel Annapurna, para organizar uma viagem pós-
congresso para uma organização internacional. Meu correspondente local
me ofereceu gentilmente um voo num avião “Pilatus” até Lukla, situada a
2800 metros de altitude no Himalaia.
Pude contemplar durante o voo a cadeia de montanhas do topo do mundo,
um espetáculo grandioso e inesquecível. Foi uma viagem agradável e
imprevista.
Viagem e desencanto, saudades.
Naquela época, para ir de Paris a Tóquio, fazia-se a escala no Alaska, em
Anchorage; lugar sinistro onde uma nevasca de neve soprava e assoviava
sem descontinuar. Numa casa de madeira pouco confortável, um enorme
urso polar naturalizado, de mais de três metros, me acolhia com os braços
abertos.