Page 61 - ASAS PARA O BRASIL
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Após um voo tranquilo, aterrissamos com o DC8 da UTA em
Kinshasa Katanga, ex Congo belga.
Era a época movimentada onde alguns milhares de gendarmes
kantanguenses faziam a lei no Congo. Eles tinham assassinado e estuprado
selvagemente numerosas religiosas em Kinshasa, que ainda era chamada
de Léopoldville.
A equipagem nos fez desembarcar e reembarcar imediatamente depois.
Decolamos sob os barulhos dos tiros bem próximos.
Meia hora depois de aterrissar em Brazzaville, a cidade foi tomada pelo
fluxo de refugiados, colonos e diplomatas belgas que tinham atravessado o
Rio Congo, numa fuga desesperada diante dos massacres e os combates.
Ao chegar, minha primeira preocupação foi a de achar um voo para Dacar
via Douala.
Não tinha voo antes da noite seguinte. Onde dormir?
Não havia quartos de hotel disponíveis na região. Não seria a primeira vez
que passaria uma noite deitado no chão do aeroporto, mas preferiria um
colchão.
Uma aeromoça da UTA, da qual se diria hoje que ela era “cool” (bacana),
me contou os incidentes do voo: nosso avião teve um pequeno vazamento
de óleo hidráulico o que havia obrigado o piloto a aterrissar em Kinshasa,
e devido à proximidade dos combates barulhentos em volta do aeroporto,
a decisão tomada foi a de decolar sem mais tardar, após o vazamento de
óleo ser provisoriamente contido com chiclete.
Nosso DC8 exibia um impacto de tiro ou um caco de morteiro. Apertem os
cintos!