Page 58 - ASAS PARA O BRASIL
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Eu  devia  organizar  a  missão  de  um  grupo  industrial  francês
                  importante na feira de Guangzhou.

                  Em  Kowloon,  em  frente  a  ilha  de  Hong  Kong,  ocupava  um  lugar  de
                  destaque,  o  famoso  hotel  “Península”,  onde  meus  clientes  deviam  se

                  hospedar. Em frente, havia uma pequena e pitoresca estação de trem que
                  marcava o tempo da colonização inglesa.

                  Ela desapareceu e deu lugar à estação de “Jingua”, que permite a ligação
                  com Pequim e as principais cidades chinesas.


                   Para atenuar a visão pouco graciosa, as autoridades chinesas “sugeriram”
                  fortemente a construção de um centro cultural que bloquearia a vista da
                  “Península” sobre a baía.

                  Naquela época, um pequeno trem permitia atravessar o que era então uma
                  fronteira,  guarnecida  de  arame  farpado  e  mirantes.  As  formalidades  de

                  entrada na China eram na época minuciosas, longas e delicadas.

                  Nesse  hotel  majestoso,  você  podia  comprar  por  um  preço  módico,  uma
                  dúzia de camisas, confeccionadas sob medida, em 24 horas, com o melhor
                  algodão indiano ou ternos com os melhores tecidos ingleses.

                  Concediam-me  generosamente  três  ou  quatro  dias  para  fazer  minhas

                  viagens de reconhecimento, em função do lugar e da importância do dossiê.
                  Muitas vezes, eu viajava no fim de semana. Ficava a maior parte do tempo
                  nos  escritórios  dos  correspondentes  para  discutir  preços  e  escolher  as
                  prestações, torcendo para que eles respeitassem seus compromissos, o que
                  não era sempre o caso.

                  Era do interesse deles, que durante as minhas viagens de reconhecimento,
                  me fizessem conhecer e escolher os melhores hotéis e restaurantes, assim

                  como os lugares turísticos mais atraentes.

                   A  qualidade  do  correspondente  era  a  peça-chave  para  o  sucesso  da
                  organização de uma viagem.


                  Muitas vezes, a estadia era muito curta, mas não dá para estar lá e cá, ou
                  seja, no escritório em Paris e ao mesmo tempo em outro lugar.

                   Mesmo  assim  eu  pude  visitar  durante  as  minhas  horas  vagas,  muitos
                  museus, principalmente nos países do Leste europeu e assistir a muitos
                  concertos de música clássica.
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