Page 60 - ASAS PARA O BRASIL
P. 60
Foi numa noite em Cingapura, durante um dos maiores congressos
que eu organizei (mais de 2000 participantes), que na boate do hotel, no
aniversário de um congressista, o correspondente da agência Reuters me
disse: “Hello, der Französich, todas minhas condolências, o candidato à
presidência François Mitterrand acabou de ser eleito”.
Eu recebi mal esta notícia e tomamos naquela noite, uma quantidade
temível de Mai-Tai.
Eu sempre pensei que a minha ressaca tinha durado toda a presidência do
grande personagem sobre o qual tudo foi dito.
Não escolhemos a China nos anos 1980, logo após a Revolução Cultural,
para tirar fotos de papai e mamãe na frente do pagode e mostrar aos amigos
estupefatos (e cujo ciúme apenas dissimulado nos deixa tão feliz). Eu gosto
muito da expressão de certos viajantes que respondem perguntas sobre
suas férias ou outros deslocamentos, muitas vezes de maneira desdenhosa,
dizendo: “O ano passado, eu fui ou eu conheci a China” ou qualquer outro
país como se tivessem sido os arquitetos e não os visitantes efêmeros e
consequentemente voyeurs.
Eu nunca suportei os convites para jantar de pessoas que volta das férias
e nos importunam com suas fotos ou diapositivos, comentando suas
noitadas.
Uma viagem sempre tem um imprevisto, é até o que procuram, mesmo se
eles dizem o contrário, a maioria candidatos a esse tipo de deslocamento.
CAPÍTULO VI
Asas em família e nas guerrilhas
Minha mãe tinha pedido para eu acompanhar a minha irmã
Laurence até Johanesburgo na cassa da minha irmã Guillemette.
Eu tinha tirado alguns dias de férias para visitar o famoso parque animal
“Kruger Park” e descer nas profundezas de uma mina de diamantes.
O regime discriminatório do Apartheid na África do Sul, tinha me
impressionado e principalmente os “compounds”, tipo de casas-gueto que
abrigavam unicamente os trabalhadores.
Na volta, eu decidi passar alguns dias em Dacar na casa do meu sogro.