Page 69 - ASAS PARA O BRASIL
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Nesta cidade dos apaixonados, eu teria gostado de passear, ter mais
tempo para visitar, para saciar a minha necessidade de liberdade sem ter
que prestar contas a ninguém e sem ter que deixar este lugar de maneira
precipitada para estar no trabalho no dia seguinte.
Na volta, decidi experimentar o mítico trem Oriento-Express de Veneza até
Paris, onde o real e o imaginário se contradizem.
Eu fiquei sozinho num vagão-cama simples no fim de tarde, neste trem de
luxo flamejante que faz pensar na aventura, no romanesco e no charme
antiquado das longas viagens nas antípodas e longe do ritmo do mundo
moderno.
Minha imaginação me fez pensar nas
“années folles”, no romance da Agatha
Christie e do filme de James Bond, o que
era agradável depois de um excelente
jantar, mas a realidade era
completamente outra no bar
enfumaçado. A fauna humana
variegada sob o efeito dos aperitivos e
das bebidas, ao som fanhoso de um
grupo de americanos, me fez sair do
meu torpor imaginário para uma triste
realidade. Foi uma viagem mágica e excepcional, mas é melhor fazê-lo bem
acompanhado, para viver e compartilhar suas emoções; sem isso, é um
pouco frustrante.
CAPÍTULO VIII
Estando a ver navios
Um dia, eu recebi uma ligação de um cliente que marcou um
encontro no seu escritório, sem me explicar a razão de sua ligação. Uma
federação importante ia comemorar o seu centenário no Caribe fretando
um navio de cruzeiro da “Costa –Línea C”.