Page 72 - ASAS PARA O BRASIL
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Antes da partida, prudente, eu me informei sobre suas capacidades
de navegador, porque eu nunca tinha ido a um cruzeiro nem mesmo
velejado.
Orgulhoso de sua alta estatura, ele me respondeu que tinha passado o seu
certificado de piloto de avião e de marinheiro.
Ele dizia que sua única experiência como timoneiro tinha sido numa
travessia do Mediterrâneo, da Côte d’Azur até a Ilha da Córsega.
Esses dez dias de cruzeiro foram manchados por peripécias náuticas cheias
de incidentes, como a perda repetitiva de nossa âncora, ainda bem, sempre
recuperada.
O mais difícil era a amarração à noite nas diferentes ilhas. Eu me escondia
pela vergonha que sentia enquanto o nosso querido piloto tentava amarrar
em outro veleiro, sem fazer muito barulho nem quebra-quebra. Nesses
momentos de acostagem, ouvíamos as invectivas e gracejos de outros
marinheiros, expressados em línguas estrangeiras diferentes. Uma noite, a
âncora se soltou, e fomos à deriva sem perceber.
O despertar foi brutal, muito animado a bordo: sorte estava conosco, não
tínhamos batido em nada...
O pior foi nosso regresso ao porto do Piraeus onde o vento “força cinco”
infelizmente começou a soprar. Nosso timoneiro certificado simplesmente
perdeu o controle do veleiro. A tentativa de amarrar durou mais de uma
hora em condições horríveis. O casco do veleiro tinha sofrido também dos
ultrajes da incompetência do nosso caro timoneiro, bom quiroprático, mas
marinheiro lamentável.
Apesar de todos esses eventos imprevistos, o cruzeiro em veleiro nestas
ilhas disseminadas nas águas turquesa do Mar Egeu, continua sendo uma
irresistível atração e uma lembrança inesquecível.
CAPÍTULO IX
A grande mudança, American Express
A nossa rede de agências de viagem tornou-se, pela sua importância, uma
das primeiras da França. O conjunto da rede foi revendido para a American
Express.
No momento da compra, o dólar US estava no pináculo e os Estados Unidos
eram preponderantes.