Page 92 - ASAS PARA O BRASIL
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Como escreveu Ted Rall: “os verdadeiros amigos gostam de você pelo o
                  que você é e não pelo o que querem que você seja”.

                  Uma garota bem jovem, que era da região e que era longe de ser virgem
                  partiu para cima do André e conseguiu fisgá-lo.


                         O André se casou novamente; sua nova esposa, antiga “vendedora de
                  amor” queria que ele emagrecesse, o consumo de álcool o tinha deixado
                  adiposo e feio.


                   Ele morreu uns dez anos depois, numa academia de esporte em Cascavel,
                  de uma cirrose no fígado enquanto tentava emagrecer.

                  Teriam as esposas uma nefasta influência sobre a saúde de seus maridos?

                  Eu tinha retomado o contato com o André aos poucos, apesar da traição,
                  longe ser digna de uma amizade tão longa. Ele tinha sido o padrinho do

                  meu terceiro casamento.

                  Ele tinha sido manipulado pelo Georges que o chantageava com acusações
                  sórdidas de que ele teria tido relacionamentos com menores de idade.


                  A falta de afinidades com alguns franceses das redondezas nos levou a não
                  os frequentar mais. Tínhamos  a responsabilidade de criar a  Érica e sua
                  jovem sobrinha Suyana que estudava no colégio de freiras de Cascavel.

                  Para que tivéssemos sossego, eu renegava a França, nós fazíamos passar
                  por suíços quando cruzávamos com turistas neutros de passagem.


                  Os conflitos continuaram no tribunal. Uma manhã reparei que um pedaço
                  do muro tinha sido destruído.

                  Fiquei sabendo que tinha sido nosso astro Georges que tinha destruído o
                  muro de separação com o seu 4x4, furioso pelas novas demarcações do meu
                  terreno outorgado pela justiça, eu fiz um boletim de ocorrência. Tal gesto é
                  considerado um crime penal neste país.


                  Um ano mais tarde, nos vimos no Tribunal de Justiça de Cascavel com os
                  nossos advogados e testemunhas. A cena foi inesquecível, jubilante e até
                  rocambolesca.  O  juiz,  auxiliado  pelo  promotor  de  justiça  e  do  escrivão
                  perguntaram ao Georges, frequentador de tribunais: “Senhor C, reconhece
                  ter derrubado o muro?”.


                   Ele disse que não e apresentou a sua testemunha para que confirmasse.
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