Page 24 - Nos_os_bichos
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A vaca que ri argumentou:
                        -já não se respeita aquilo que é dos outros.
                        Sem ter achado graça nenhuma à brincadeira, a mamã vaca retorquiu:
                        -Espero que isto mude depressa.

                        Nesse mesmo instante, passava por ali o fazendeiro que, ouvindo os lamentos das vacas, reparou no
                  estado lastimoso em que estava a palha e disse:
                        -Isto é obra do Tornado. É desta que vais para dentro de um curral!
                        As vacas, em conjunto, mugiram de satisfação. Finalmente, haveria sossego!

                                                    A partir desse dia, o porco passou a viver no curral dos fundos. De
                                              vez  em  quando,  as  vacas  ouviam  “Oinc!Oinc!”  e  respondiam,  em  coro,
                                              “Muuuuu!”, como quem diz “Deixa-te estar que estás aí muito bem!”
                                                    Moral da história: Não podemos privar os outros de algo, só porque

                                              nós não desfrutamos disso. Para além disso, quando não sabemos viver
                                              em grupo, temos que viver sozinhos.
                                                                                                Igor Neves


                        A festa



                        A vaca Betina decidiu organizar uma festa na quinta.
                        Contou ao burro Tico, tendo-lhe pedido que espalhasse o convite pelos animais das outras quintas
                  vizinhas. Ela transmitiu-lhe todas as indicações que ele devia seguir: hora, local, data... Depois, primeiro através
                  do burro, de seguida, através dos outros animais, o convite iria passando de boca em boca…

                        - Não te enganes, burro!- ordenou a vaca Betina.
                        - Não te preocupes, Betina. Vou dar o meu melhor- disse o Tico, já em suores.
                        Tudo parecia bem, não fosse um pormenor: o burro Tico era muito despistado e muito esquecido, o que
                  fez com que, pouco depois, tivesse esquecido já algumas das informações que deveria transmitir. Ai a minha

                  cabeça!, pensou. Receoso e inseguro, decidiu então que, para não ter que se confrontar com a Betina, daria o
                  recado na mesma, rezando a todos os deuses dos animais para que não se estivesse a enganar muito, caso
                  contrário ela chamar-lhe-ia outra vez “Seu Burro”!…
                        Foi assim que, daí a pouco, encontrou a ovelha e a cabra a quem transmitiu o convite, já com ligeiras

                  alterações.
                        Elas ficaram entusiasmadas e, por sua vez, passaram recado a outros animais…
                        Para piorar a situação, à medida que o convite ia passando de boca em boca, outros animais mais
                  despistados também se enganavam sobretudo no local da festa, por esquecimento ou por falta de atenção, o

                  que originou uma enorme confusão de datas, horas e locais.
                        Foi assim que, no dia na festa, quase nenhum animal apareceu na tal festa, no dia, no local e na hora
                  marcados.



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