Page 23 - Nos_os_bichos
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- Eu ando à procura de comida para me alimentar e estou sozinha, porque a minha mãe morreu a lutar
                  contra um enorme lobo que me queria atacar! – respondeu a raposa, quase a chorar, recordando memórias da
                  sua mãe.
                        Nisto, apareceu o lobo que havia matado a mãe. A raposa, cheia de medo, começou a pedir à lebre para

                  a ajudar, mas a lebre fugiu para trás de uma moita e ficou a rir-se da pequena raposa prestes a ser atacada.
                  Apesar da aflição, dessa vez ela safou-se e fugiu do lobo, pois ele também já estava velho e cansado.
                        Dias mais tarde, estava a lebre a passear pela floresta, quando caiu num buraco. A lebre começou a
                  gritar:

                        - Alguém que me ajude! Ajudem-me, por favor!
                        Por coincidência, ia a passar a raposa que ouviu o pedido de socorro e foi logo ver quem era para o
                  socorrer. Qual não foi o seu espanto quando, ao chegar perto do buraco, viu que era a lebre quem pedia ajuda.
                        A raposa respondeu-lhe:

                                                  - Quando eu mais precisei de ti, tu não me ajudaste e agora queres
                                             que eu te ajude? Se não me acudiste quando o lobo quase me matava, agora
                                             pede ajuda a outro animal, porque esta é a minha vez de rir!
                                                  E assim foi. A lebre teve de continuar a pedir ajuda, pois a raposa não

                                             a ajudou.
                                                  Moral da história: Deves ajudar os outros sempre que consegues
                                             pois, um dia, podes vir a precisar deles.
                                                                                           Francisco Duarte


                        O porco e os fardos de palha



                         Numa quinta do Alentejo, daqueles lugares maravilhosos onde os animais eram realmente felizes, viviam
                  seis vacas.
                         Todas se davam muito bem e o fazendeiro era muito dedicado a elas: dava-lhes erva fresca, um bom

                  banho e até costumava fazer-lhes todos os dias a cama com palha bem sequinha e muito bem acamadinha.
                         Certo dia, chegou à quinta um novo habitante. Era o porco Tornado,
                  daqueles porcos grandes, gordos e com uma insaciável vontade de brincar.
                  Andava à solta e adorava saltar para cima dos fardos de palha, desfazendo-os

                  todos e deixando a palha toda espalhada, o que não agradava nada às vacas,
                  apesar de o acharem engraçado. Um dia, contudo, a brincadeira correu mal e
                  os fardos acabaram todos sujos e malcheirosos.
                         Mais tarde, quando as vacas voltaram da pastagem, depararam-se com as suas camas todas cobertas

                  de lama e com um fedor insuportável!
                        A mais velha disse:
                        -Já não chegava o porco estar sempre a desfazer os fardos, agora também os suja de lama e de sei lá
                  mais o quê!

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