Page 20 - Nos_os_bichos
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- Se não me comeres agora, prometo que no futuro poderás vir a ser recompensado; contudo, se me
devorares agora, se algum dia estiveres em apuro e precisares de ajuda, não vais ter o apoio da nossa espécie.
O leão riu-se com as suas palavras. Nunca na vida um animal pequenino como aquele o poderia vir a
ajudar. Então, o leão não pensou duas vezes e comeu-o.
Mal ele sabia o que lhe iria acontecer mais tarde…
Num belo dia, o leão saiu para caçar mas, para seu azar, caiu numa armadilha. O leão ainda pediu ajuda,
contudo, nenhum animal o foi ajudar.
Nessa mesma hora passou por ali um rato, que o ouviu suplicar por ajuda. Não seria difícil para um rato
desfazer o nó daquela armadilha… Aproximou-se, decidido a fazer a sua boa ação do dia. Ao chegar mais perto,
reconheceu o cruel assassino do seu irmão. Então, decidiu não o ajudar, pois lembrava-se bem das palavras
suplicantes do irmão, que ouvira, escondido numa cova perto. E foi-se embora.
Também o Leão o reconheceu e, triste e arrependido, pensou que não devia ter feito o que fez. Lembrou-
se das palavras do pequeno rato, que engolira de um só trago, e de como as suas palavras proféticas se estavam
agora a concretizar.
Pouco depois, chegaram ao local os humanos, que levaram o
leão para um Zoo. Podia ter sido pior o seu castigo. Assim sempre
teve oportunidade de pôr em prática a sua mais recente lição. E foi
assim que o leão começou a ajudar toda a gente, dos mais novos aos
mais pequenos, independentemente da sua aparência.
David Pereira
A raposa, a mãe e o menino
Uma raposa andava à procura de comida. Chegou perto de uma casa, ouviu um menino a chorar e a
mãe a segredar-lhe:
-Não chores mais. Se continuares a chorar, levo-te à raposa!
A raposa, acreditando naquelas palavras, sentou-se e esperou pelo
menino um dia inteiro.
Passado algum tempo, a raposa ouviu outra vez o menino a chorar
e a mãe a gritar:
-Na próxima vez que chorares, vais à raposa.
A raposa, desanimada por esperar tanto tempo, levantou-se com um
sorriso cruel.
Quando a noite chegou, a mãe adormeceu e, antes de adormecer,
disse ao filho:
-Se a raposa vier, chama-me. Matá-la-emos logo com uma faca bem
comprida.
Depois de ouvir aquelas palavras, a raposa levantou-se, fugiu e começou a espalhar pela cidade:
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