Page 17 - Nos_os_bichos
P. 17

que os coelhos e o esquilo não se relacionavam bem. Um dia, porém, aconteceu algo que alterou a vida destes
                  animais.
                        Era véspera de Natal e o coelho mais novo estava a passear no pinhal que ocupava o lado norte da
                  quinta. Foi então que viu o esquilo e percebeu que invadira o seu território. De imediato, o esquilo mandou-o sair

                  daquela zona, que era, no seu entender, sua propriedade.
                        O coelho ficou muito admirado, pois nunca tinha visto aquele animal com um ar assustado e solitário. De
                  imediato,  desconfiou  que  o  esquilo  não  estava  acostumado  a  ter  companhia  e,  sem  se  deixar  intimidar,
                  perguntou-lhe com ar simpático se realmente estava mais alguém com ele ou não.  Num tom orgulhoso e

                  agressivo, o esquilo disse que não e repetiu para ele sair da sua propriedade.
                        Mas o coelho não se deu por vencido. Foi para casa e perguntou à mãe se podia convidar o esquilo para
                  passar a Consoada com eles, uma vez que ele vivia sozinho e parecia muito infeliz. A mãe concordou, pois ela,
                  como conhecia o esquilo, sabia que este ia passar a véspera de Natal sozinho.

                        O coelho foi então perguntar ao esquilo se queria passar a véspera de Natal com eles. Num primeiro
                  momento, o esquilo recusou, mas o coelho continuou a insistir até que o esquilo, vencido, acabou por aceitar o
                                     convite, tendo tido um Natal cheio de amor, amizade e companheirismo. E foi assim
                                     que a família de coelhos e o esquilo solitário se tornaram grandes amigos.

                                     Moral  da  história:  todos  podem  ser  amigos,  independentemente  da  idade,  e  todos
                                     devemos aceitar a ajuda que nos oferecem, pois, às vezes, precisamos dela, mesmo
                                     que não o queiramos admitir.
                                                                                             Carlos Alcobia


                        Hiena



                        Hiena era uma linda tigre-fêmea. Teve uma infância feliz, foi a filha perfeita, educada e com ótimas notas
                  na escola, apesar de ter um temperamento algo caprichoso.
                        Quando terminou os estudos, decidiu que estava na hora de abandonar a sua terra natal e de começar

                  a sua vida adulta numa terra onde não conhecia ninguém:
                        -Então, o que acham?- perguntou Hiena, ansiosa pela aprovação dos pais.
                        -Ainda agora começaste a tua vida adulta, não achas melhor ficares por cá durante mais uns meses e,
                  depois, quando estiveres preparada, partires?- perguntou o pai dela, que não queria que a sua adorada filha

                  partisse.
                        Foi difícil, mas acabou por conseguir convencer os seus pais. Hiena estava ansiosa! Finalmente iria para
                  uma nova terra. Apesar da sua boa vontade, havia algo que não jogava a favor de Hiena. É que ela sempre
                  tivera uma personalidade complicada e, por vezes, era muito difícil ter uma conversa amigável com ela, pois

                  tornava-se desagradável e até algo agressiva. Será que isso lhe iria trazer dissabores?, pensava ela, consciente
                  do seu mau-feitio. Vou tentar melhorar!, tentou convencer-se mentalmente.
                        Na sua nova terra, Hiena arranjou logo um trabalho para poder pagar as contas da Universidade da
                  Selva. Como não tinha amigos, a sua adaptação à universidade foi complicada e rapidamente começou a ser

                                                              17
   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22