Page 16 - Nos_os_bichos
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Agarrei a maçaneta da porta e rodei-a, mas ele meteu a mão no meu ombro e apertou-o de tal forma que
                  eu não conseguia sequer puxar a porta.
                        - Não precisas de ir hoje. Vamos passar um dia em família. – insistiu, com ar ameaçador.
                        A minha mãe trancou-se no quarto e conseguia ouvir o seu choro do hall de entrada. Tentei dar a volta

                  à situação e mandá-lo embora, mas era impossível!
                        - Eu quero ir.
                        - Não!- gritou.- Esta é a tua casa! Não vais sair daqui sem a minha autorização, pirralho!
                        Não valia a pena insistir ou iríamos ter que arcar com as consequências duras e sempre terríveis. Vivia

                  numa casa de animais selvagens, como no meu sonho! Fui para o quarto da minha mãe e esperei que ela
                  abrisse  a  porta.  Abriu  uma  frecha,  eu  entrei  e,  rapidamente,  fechou-a  atrás  de  mim  e  trancou-a.  Depois,
                  perguntei-lhe:
                        - Mãe, os sonhos têm significados?

                        Olhou para mim com um olhar profundo e respondeu:
                        - Talvez… Com que é que tu sonhas, filho?
                        - Com lobos, com uma casa de lobos e com caçadores. – respondi.- Achas que significa alguma coisa?
                        - Receio que sim, Bolt.- disse-me com ar triste.

                                                                                            Beatriz Pedrosa


                        A formiga e o seu pedaço de pão


                        Certo dia, uma formiga que levava um pedaço de pão às costas, indo em direção ao seu formigueiro,
                  passou por uma loja com uma grande montra.

                        O vidro da montra fazia um grande reflexo e a formiga aproximou-se para se ver a si própria. Quando
                  reparou no reflexo do bocado de pão, pensou que o mesmo estava no interior da montra e foi para lá à procura
                  dele, deixando cá fora o naco que trazia às costas.
                        Quando entrou na loja e não encontrou o pedaço que procurava, voltou

                  rapidamente para a rua, mas não chegou a tempo, pois um pássaro acabara
                  de  sair  dali,  levando  no  bico  um  generoso  pedaço  de  pão,  que  vira
                  inesperadamente abandonado no meio do passeio.
                  Moral da história: quem tudo quer tudo perde.

                                                                                          Bernardo Bregieira


                        O esquilo solitário



                        Era uma vez uma família de pequenos coelhos que vivia numa pequena quinta, onde também morava

                  um esquilo, já de idade, sem família. Apesar de serem os únicos habitantes daquela propriedade, a verdade é



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