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Quem está com
Lula e Maluf na
foto
(além de Haddad)?
A menina de sete anos vê desenhos animados na TV, no quarto dos pais, na zona sul de São
Paulo. A mãe, tentando aparentar tranquilidade, aparece na porta e diz: “Filha, tem um titio
que veio roubar nossas coisas. Mas fica quietinha, que ele não vai fazer nada. Só vai roubar
as coisas e depois vai embora”. Pega a menina pela mão e a leva ao corredor. Quando vê o
ladrão, um rapaz com uma arma na mão, a menina pergunta:
— Mãe, esse que é o
Maluf? Até o ladrão
riu.
* * *
A história é verídica. Aconteceu em 1988, nos primeiros anos da redemocratização do
Brasil, uma época ultrapassada em que “malufar” era sinônimo de “roubar”. A menina, uma
amiga, é hoje uma mulher e tornou-se jornalista. Ao ver a foto de Lula apertando a mão de
Maluf, olhei “pelo retrovisor” e lembrei desse episódio.
Depois do choque inicial diante da foto de Lula com Maluf (e sem perdê-lo jamais), o que
começou a me perturbar era que Lula pode ter razão. Não razão em pisotear os princípios e
engolir a biografia, óbvio. Mas razão para acreditar que a imagem é a única realidade que
importa para alcançar os fins. Que com um minuto e meio a mais de TV é possível fazer o
eleitor acreditar que Fernando Haddad é o “novo” — e que o “novo”, ainda que ungido por