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velhas e viciadas práticas, é o melhor para administrar São Paulo. O que dá razão a Lula é a
        reação da opinião pública — e principalmente a de Luiza Erundina.

          À primeira vista, a desistência de Luiza Erundina (PSB) de ser a vice de Haddad, assim como
        a  reação  da  sociedade  e  da  própria  militância  petista,  apontaria  para  um  erro  político
        estratégico. Em busca de um minuto e meio a mais na TV, Lula teria esquecido do que o levou

        a aceitar o inaceitável: o poder da imagem. Ou, em busca de ampliar o poder da imagem,
        Lula esqueceu-se do poder da imagem. Esqueceuse daquilo que Maluf lembrou e por isso

        exigiu, em troca do apoio do PP à candidatura de Haddad: “A foto faz parte do pacote”.
          A imagem, quando substitui a realidade ou se torna toda a realidade, pode nos cegar. Por
        isso, quero aqui apenas rememorar o que vemos nessa foto — e o que não vemos. O que

        vemos é Lula e Maluf — Haddad entre eles, mas sem importar muito (e isso é importante, já
        que Haddad não importa muito porque é o “novo” sem história).

           O que vemos é Lula apertar a mão de quem no passado havia chamado de “o símbolo da
           poucavergonha nacional”. E Maluf apertar a mão de quem no passado havia chamado de
           “ave de rapina”. O que vemos é Lula, que no passado representou a possibilidade de

           ética na política, apertar a mão de quem no passado — e também hoje, mas agora
           embaralhado com muitos outros — representou a corrupção na política. O que vemos é
           Lula, que até alguns anos atrás encarnava um novo jeito de fazer política, consolidando

           mais uma aliança com o velho jeito de fazer política.
          De fato, porém, o que vemos não é novo. Mas a foto nos faz acreditar que é. Ora, há quanto
        tempo o que existe de mais retrógrado e fisiológico na política nacional se tornou parte do

        espectro de alianças do PT, em nome da “governabilidade” ou em nome dos fins? O PP de
        Maluf esteve no governo Lula e está no governo Dilma — como antes esteve no governo
        Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Lula apertou a mão de Maluf há muito tempo. Desde o

        primeiro mandato como presidente pelo menos.
          A foto permitiu que parte da sociedade enxergasse essa aliança. É bom enxergar, antes

        tarde do que nunca? É, claro que é. Mas também não é. Porque, se acreditarmos que as
        imagens são toda a realidade, nos tornamos facilmente manipuláveis. Se só conseguimos
        enxergar o que vira imagem, nos colocamos em um lugar muito frágil. No lugar que explica

        Lula apertar a mão de Maluf para garantir um minuto e meio a mais de espetáculo, no qual
        faz o truque de transformar o desconhecido em conhecido, o velho em novo.

          Nessa imagem histórica, é quem não estava na foto que nos revela o quanto nos deixamos
        cegar tanto pelo que vemos — quanto pelo que não vemos. É Luiza Erundina, que agora
        desponta como aquela que disse: “Não aceito”. Ou como a guardiã dos princípios na política,

        a mulher que deu uma lição ética a Lula e ao PT, aquela que resistiu ao pragmatismo da
        realpolitik.  É  muito  provável  que  Luiza  Erundina  seja  mesmo  uma  mulher  de  princípios,
        porque parte da sua história pública nos prova isso. Mas não nesse episódio.
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