Page 23 - Relatorio de segurança_Assembleia_-
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pagando  uma  conta do lado de fora dos  presídios  e  o Estado não  sabe
               adequadamente como administrar isso.

                      O segundo painelista foi o Procurador de Justiça Gilmar Bortolotto,
               que atuou na Promotoria de Controle e Execução Criminal de Porto Alegre
               durante 17 anos. Com uma abordagem muito semelhante à de Brzuska, disse
               que a precariedade das instituições prisionais favorece o crime e tem reflexo
               direto no cotidiano da população.
                      Gilmar Bortolotto destacou que a população carcerária triplicou nos
               últimos vinte anos. E, mesmo com esse aumento  do  encarceramento, a
               sensação de insegurança não diminuiu. Trazendo dados da população
               carcerária no Estado, o Procurador  comparou a taxa de crescimento da
               massa carcerária no Estado do Rio Grande do Sul: entre os anos de 2006 a
               2014, a taxa anual de crescimento da população carcerária girava em torno
               de  600  presos/ano;  nos  anos  de  2014  a  2016,  a  taxa  alcançou  o
               surpreendente número de mais de 3.000 presos/ano.
                      O Procurador  de Justiça apresentou breve análise  do perfil do
               apenado: o preso tem baixíssimo grau de instrução: analfabetos eram 2,86%;
               alfabetizados, 4,75%; com ensino fundamental incompleto, 62,17%. Quanto
               à idade: de 18 a 24 anos eram 23,39%, de 25 a 29 anos, 22,22%; e de 30 a
               34 anos, 21,03%.

                      Observando-se  os  índices,  percebe-se  que  quase  70%  dos
               apenados são pessoas consideradas jovens – pois tinham até 34 anos de
               idade – e com baixíssima instrução educacional – pois estudaram apenas até
               o ensino fundamental incompleto.

                      Concidentemente, o índice de retorno ao  sistema  prisional
               (reincidência) também é de 70% e “Se nosso índice de retorno é esse,
               nunca daremos conta de criar vagas suficientes na metodologia em
               que estamos entregando hoje. (…) O que se vê hoje são cúpulas
               que mandam e grande parcela dos que são ‘escravizados’ pelos
               outros”, asseverou o Bortolotto.
                      Por outro  lado,  como exemplos positivos  capazes de alterar a
               realidade presente, Gilmar Bortolotto referiu o Complexo Prisional de Canoas
               e as Associações de Proteção e Assistência aos Condenados – APAC’s, pois,
               em ambos os casos, os índices de reinserção social são elevadíssimos e, por
               isso, os custos de manutenção podem ser considerados baixos.

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