Page 153 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 153
Foi só quando Andros leu Paraíso Perdido, de Milton, que viu seu destino se materializar à sua
frente. Ele leu sobre o grande anjo caído... o demônio guerreiro que combateu a luz... o mais valente... o
anjo chamado Moloch.
Moloch andou pela Terra como um deus. Andros descobriria mais tarde que o nome do anjo, na
língua antiga, era Mal’akh.
E eu também andarei.
Assim como todas as grandes transformações, aquela deveria começar com um sacrifício, mas
não de ratos ou pássaros. Não, aquela transformação exigia um sacrifício de verdade.
Só existe um sacrifício realmente digno.
De repente, ele entendeu tudo com absoluta clareza. Todo o seu destino havia se materializado.
Passou três dias fazendo esboços em uma gigantesca folha de papel. Ao terminar, tinha criado um
plano daquilo em que se transformaria. Pendurou na parede o desenho em tamanho real e o admirou
como se olhasse para um espelho.
Eu sou uma obra-prima.
No dia seguinte, levou o desenho até o estúdio do tatuador.
Ele estava pronto.
CAPÍTULO 78
O Monumento Maçônico a George Washington fica no alto da colina de Shuter’s Hill em
Alexandria, na Virgínia. Construída em três camadas distintas de crescente complexidade arquitetônica
— dórica, jônica e coríntia — a estrutura representa um símbolo físico da ascensão intelectual do
homem. Inspirada no antigo Farol de Alexandria, no Egito, a alta torre é encimada por uma pirâmide
egípcia arrematada com um ornamento em forma de chama.
O espetacular saguão de mármore abriga uma imensa estátua de George Washington vestido
com trajes maçônicos completos, além da colher de pedreiro que usou para assentar a pedra angular
do Capitólio. Acima do saguão, nove diferentes andares ostentam nomes como Grota, Sala da Cripta e
Capela dos Templários. Entre os tesouros guardados nesses espaços há mais de 20 mil volumes de
escritos maçônicos, uma estonteante réplica da Arca da Aliança e até mesmo uma maquete da sala do
trono do Templo do Rei Salomão.
O agente Simkins da CIA conferiu o relógio enquanto o helicóptero modificado UH-60
sobrevoava o Potomac em baixa altitude. Seis minutos para o metrô chegar. Ele suspirou, olhando pela
janela para o reluzente Monumento Maçônico no horizonte. Tinha de admitir que aquela torre de brilho
intenso era tão impressionante quanto qualquer outro prédio do National Mall. Simkins nunca tinha
entrado ali, nem pretendia entrar naquela noite. Se tudo corresse como o planejado, Robert Langdon e
Katherine Solomon nem chegariam a sair da estação de metrô.
— Ali! — gritou Simkins para o piloto, apontando para a estação de King Street, em frente ao
monumento.
O piloto inclinou o helicóptero e aterrissou em uma ampla área gramada ao pé da Shuter’s Hill.
Pedestres surpresos ergueram os olhos quando Simkins e sua equipe saltaram do helicóptero,
atravessaram a rua e entraram correndo na estação. Na escadaria, vários passageiros que vinham no
sentido contrário abriram caminho, colando-se às paredes enquanto a falange de homens armados
vestidos de preto passava por eles com alarde.
A estação de King Street era maior do que Simkins imaginava e, aparentemente, várias linhas
passavam por ali — a azul, a amarela e a da Amtrak. Ele correu até o mapa do metrô afixado à parede,
encontrou a Freedom Plaza e a linha que conduzia direto àquela estação.
— Linha azul, plataforma sentido sul! — gritou Simkins. — Desçam até lá e evacuem todo
mundo! — Sua equipe saiu correndo.
Simkins caminhou apressado até o guichê, mostrou sua identificação e berrou para a mulher lá
dentro:
— A que horas chega o próximo trem da estação Metro Center?
A mulher fez cara de assustada.
— Não sei bem. A linha azul chega de 11 em 11 minutos.
— Há quanto tempo passou o último trem?