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— Como disse?
— Pense no seguinte... — disse o homem. — O senhor recebeu um fax pedindo-lhe que ligasse
para um número de telefone, o que fez sem titubear. Falou com um total desconhecido que se
apresentou como assistente de Peter Solomon. Em seguida, o senhor embarcou por livre e espontânea
vontade em um jatinho particular para Washington e entrou em um carro que o estava aguardando.
Correto?
Langdon sentiu um calafrio percorrer seu corpo.
— Quem está falando, droga? Onde está Peter?
— Infelizmente, acho que Peter Solomon não tem a menor ideia de que o senhor está em
Washington hoje. — O sotaque sulista do homem desapareceu, e sua voz se transformou em um
sussurro mais grave, melífluo. — O senhor está aqui, professor Langdon, porque eu quero que esteja.
CAPÍTULO 9
No Salão das Estátuas, Robert Langdon pressionou o celular contra a orelha e pôs-se a andar
de um lado para o outro em um círculo fechado.
— Quem é você, droga?
A resposta do homem veio em um sussurro sedoso, calmo.
— Não fique alarmado, professor. O senhor foi convocado a vir aqui por um motivo.
— Convocado? — Langdon se sentiu como um animal enjaulado. — Que tal sequestrado?
— Não é bem assim. — A voz do homem era de uma serenidade sinistra. — Se eu quisesse
machucá-lo, o senhor agora estaria morto dentro daquele Lincoln.
— Ele deixou as palavras pairarem no ar por alguns instantes. — As minhas intenções são as
mais nobres possíveis, posso lhe garantir. Eu gostaria simplesmente de lhe fazer um convite.
Não, obrigado. Desde as suas experiências na Europa nos últimos anos, a indesejada
celebridade o transformara em um ímã de malucos, e aquele ali havia acabado de ultrapassar os
limites.
— Olhe aqui, não sei que diabos está acontecendo, mas vou desligar...
— Eu não faria isso — disse o homem. — A sua janela de oportunidade é muito pequena se
deseja salvar a alma de Peter Solomon.
Langdon puxou o ar com força.
— O que foi que você disse?
— Tenho certeza de que o senhor me ouviu.
A forma como aquele homem pronunciara o nome de Peter deixou Landgon petrificado.
— O que você sabe sobre Peter?
— Neste exato momento eu conheço os mais profundos segredos dele. O Sr. Solomon é meu
convidado, e eu sei ser um anfitrião persuasivo.
Isto não pode estar acontecendo.
— Você não está com Peter.
— Eu atendi o celular pessoal dele. Isso deveria fazer o senhor parar e pensar.
— Vou chamar a polícia.
— Não precisa — disse o homem. — As autoridades estarão com o senhor daqui a pouco.
Do que esse louco está falando? O tom de Landgon ficou mais ríspido.
— Se você está com Peter, ponha ele na linha agora mesmo.
— Impossível. O Sr. Solomon está preso em um lugar nada agradável. — O homem fez uma
pausa. — Ele está no Araf.
— Onde? — Langdon percebeu que estava apertando o celular com tanta força que seus dedos
estavam ficando dormentes.
— O Araf? O Hamistagan? Aquele lugar ao qual Dante dedicou o livro imediatamente posterior
ao seu lendário Inferno?
As referências religiosas e literárias do homem aumentavam as suspeitas de Langdon de que
estava lidando com um louco. O segundo livro. Langdon o conhecia bem; ninguém consegue escapar
da Academia Phillips Exeter sem ler os cantos de Dante.
— Está dizendo que acha que Peter Solomon está... no purgatório?
— Vocês cristãos usam uma palavra rude, mas sim, o Sr. Solomon está no mundo intermediário.
As palavras do homem se demoraram nos ouvidos de Langdon.
— Está dizendo que Peter está... morto?
— Não, não exatamente.