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— Não exatamente?! — berrou Langdon, sua voz ecoando com força pelo salão. Uma família de
          turistas olhou para ele. Ele lhes virou as costas e baixou a voz. — Em geral a morte é ou não é!
                 — O senhor me surpreende, professor. Imaginava que tivesse uma compreensão melhor dos
          mistérios  da  vida  e  da  morte.  Existe  de  fato  um  mundo  intermediário..,  um  mundo  no  qual  Peter
          Solomon está atualmente suspenso. Ele pode voltar para o seu mundo ou pode passar para o outro...
          dependendo de como você aja neste momento.
                 Langdon tentou processar o que ele dizia.
                 — O que você quer de mim?
                 — É simples. O senhor obteve acesso a algo muito antigo. E hoje à noite vai compartilhar isso
          comigo.
                 — Não faço ideia do que você está falando.
                 — Não? O senhor finge não entender os antigos segredos que lhe foram confiados?
                 Langdon  teve  uma  súbita  sensação  de  vertigem,  suspeitando  por  fim  do  que  aquilo
          provavelmente  se  tratava.  Antigos  segredos.  Não  havia  mencionado  a  ninguém  sequer  uma  palavra
          sobre  suas  experiências  de  vários  anos  atrás  em  Paris.  Contudo,  os  fanáticos  do  Graal  haviam
          acompanhado  de  perto  a  cobertura  da  mídia,  sendo  que  alguns  conseguiram  ligar  os  pontos  e
          acreditavam que Langdon agora detinha informações secretas relacionadas ao Santo Graal — e talvez
          até a sua localização.
                 — Olhe aqui — disse Langdon —, se isso tiver a ver com o Santo Graal, posso lhe garantir que
          não sei nada mais do que...
                 — Não ofenda a minha inteligência, Sr. Langdon — disparou o homem. — Não tenho nenhum
          interesse em algo tão frívolo quanto o Santo Graal ou o patético debate da humanidade para saber qual
          versão da história está correta. Discussões inúteis sobre a semântica da fé não me interessam nem um
          pouco. São perguntas que só se respondem com a morte.
                 Aquelas palavras duras deixaram Langdon confuso.
                 — Então do que você está falando?
                 O homem fez uma pausa de vários segundos.
                 — Como o senhor talvez saiba, nesta cidade existe um antigo portal.
                 Um antigo portal?
                 —  E  hoje  à  noite  o  senhor  vai  destrancá-lo  para  mim.  Deveria  se  sentir  honrado  por  eu  ter
          entrado  em  contato...  Professor,  o  senhor  vai  receber  o  convite  da  sua  vida.  O  senhor  foi  o  único
          escolhido.
                 E você enlouqueceu.
                 —  Desculpe,  mas  você  escolheu  mal  —  disse  Langdon.  —  Eu  não  sei  nada  sobre  nenhum
          antigo portal.
                 — O senhor não está entendendo, professor. Não fui eu que o escolhi.., foi Peter Solomon.
                 — O quê? — retrucou Langdon, sua voz pouco mais que um sussurro.
                 — O Sr. Solomon me disse como encontrar o portal e confessou que somente um homem no
          mundo seria capaz de destrancá-lo. Ele também falou que esse homem é o senhor.
                 — Se Peter disse isso, estava enganado... ou mentindo.
                 — Acho que não. Ele estava fragilizado quando fez essa confissão, e tendo a acreditar nele.
                 Langdon sentiu uma pontada de raiva.
                 — Estou avisando, se você machucar Peter de alguma forma...
                 — É muito tarde para isso — disse o homem como se estivesse achando graça.
                 — Eu já tirei o que precisava de Peter Solomon. Mas, para o bem dele, sugiro que me dê o que
          necessito  do  senhor.  O  tempo  urge...  para  vocês  dois.  Sugiro  que  o  senhor  encontre  o  portal  e  o
          destranque. Peter apontará o caminho.
                 Peter?
                 — Pensei que você tivesse dito que ele está no “purgatório’
                 — Assim em cima como embaixo — disse o homem.
                 Langdon  sentiu  um  calafrio.  Aquela  estranha  resposta  era  um  antigo  adágio  hermético  que
          afirmava uma crença na conexão física entre o céu e a terra.
                     Assim em cima como embaixo. Langdon correu os olhos pelo amplo salão e se perguntou como
          as coisas tinham fugido tão subitamente ao seu controle naquela noite.
                 — Olhe aqui, eu não sei como encontrar portal antigo nenhum. Vou chamar a polícia.
                 — O senhor realmente ainda não entendeu, não é? O motivo por que foi escolhido?
                 — Não — disse Langdon.
                 — Mas vai entender — retrucou o homem com uma risadinha. — A qualquer momento.
                 Então a ligação foi cortada.
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