Page 23 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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— Não exatamente?! — berrou Langdon, sua voz ecoando com força pelo salão. Uma família de
turistas olhou para ele. Ele lhes virou as costas e baixou a voz. — Em geral a morte é ou não é!
— O senhor me surpreende, professor. Imaginava que tivesse uma compreensão melhor dos
mistérios da vida e da morte. Existe de fato um mundo intermediário.., um mundo no qual Peter
Solomon está atualmente suspenso. Ele pode voltar para o seu mundo ou pode passar para o outro...
dependendo de como você aja neste momento.
Langdon tentou processar o que ele dizia.
— O que você quer de mim?
— É simples. O senhor obteve acesso a algo muito antigo. E hoje à noite vai compartilhar isso
comigo.
— Não faço ideia do que você está falando.
— Não? O senhor finge não entender os antigos segredos que lhe foram confiados?
Langdon teve uma súbita sensação de vertigem, suspeitando por fim do que aquilo
provavelmente se tratava. Antigos segredos. Não havia mencionado a ninguém sequer uma palavra
sobre suas experiências de vários anos atrás em Paris. Contudo, os fanáticos do Graal haviam
acompanhado de perto a cobertura da mídia, sendo que alguns conseguiram ligar os pontos e
acreditavam que Langdon agora detinha informações secretas relacionadas ao Santo Graal — e talvez
até a sua localização.
— Olhe aqui — disse Langdon —, se isso tiver a ver com o Santo Graal, posso lhe garantir que
não sei nada mais do que...
— Não ofenda a minha inteligência, Sr. Langdon — disparou o homem. — Não tenho nenhum
interesse em algo tão frívolo quanto o Santo Graal ou o patético debate da humanidade para saber qual
versão da história está correta. Discussões inúteis sobre a semântica da fé não me interessam nem um
pouco. São perguntas que só se respondem com a morte.
Aquelas palavras duras deixaram Langdon confuso.
— Então do que você está falando?
O homem fez uma pausa de vários segundos.
— Como o senhor talvez saiba, nesta cidade existe um antigo portal.
Um antigo portal?
— E hoje à noite o senhor vai destrancá-lo para mim. Deveria se sentir honrado por eu ter
entrado em contato... Professor, o senhor vai receber o convite da sua vida. O senhor foi o único
escolhido.
E você enlouqueceu.
— Desculpe, mas você escolheu mal — disse Langdon. — Eu não sei nada sobre nenhum
antigo portal.
— O senhor não está entendendo, professor. Não fui eu que o escolhi.., foi Peter Solomon.
— O quê? — retrucou Langdon, sua voz pouco mais que um sussurro.
— O Sr. Solomon me disse como encontrar o portal e confessou que somente um homem no
mundo seria capaz de destrancá-lo. Ele também falou que esse homem é o senhor.
— Se Peter disse isso, estava enganado... ou mentindo.
— Acho que não. Ele estava fragilizado quando fez essa confissão, e tendo a acreditar nele.
Langdon sentiu uma pontada de raiva.
— Estou avisando, se você machucar Peter de alguma forma...
— É muito tarde para isso — disse o homem como se estivesse achando graça.
— Eu já tirei o que precisava de Peter Solomon. Mas, para o bem dele, sugiro que me dê o que
necessito do senhor. O tempo urge... para vocês dois. Sugiro que o senhor encontre o portal e o
destranque. Peter apontará o caminho.
Peter?
— Pensei que você tivesse dito que ele está no “purgatório’
— Assim em cima como embaixo — disse o homem.
Langdon sentiu um calafrio. Aquela estranha resposta era um antigo adágio hermético que
afirmava uma crença na conexão física entre o céu e a terra.
Assim em cima como embaixo. Langdon correu os olhos pelo amplo salão e se perguntou como
as coisas tinham fugido tão subitamente ao seu controle naquela noite.
— Olhe aqui, eu não sei como encontrar portal antigo nenhum. Vou chamar a polícia.
— O senhor realmente ainda não entendeu, não é? O motivo por que foi escolhido?
— Não — disse Langdon.
— Mas vai entender — retrucou o homem com uma risadinha. — A qualquer momento.
Então a ligação foi cortada.