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— Mandem um rádio para todos os postos! Encontrem o careca da tipoia e prendam-no!
AGORA!
Correndo para fora do centro de segurança, ele subiu de três em três os degraus da escadaria
gasta. O vídeo de segurança havia mostrado o careca da tipoia deixando a Rotunda pelo pórtico leste.
O caminho mais curto para sair do prédio, portanto, o faria passar pelo corredor leste-oeste, que ficava
logo à frente.
Eu posso interceptá-lo.
Depois de chegar ao topo da escada e fazer a curva, Anderson vasculhou o corredor silencioso
à sua frente. Na outra ponta, um casal de idosos caminhava devagar, de mãos dadas. Perto deles, um
turista louro de blazer azul lia um guia e estudava os mosaicos do teto em frente à Câmara dos
Representantes.
— Com licença! — bradou Anderson correndo em sua direção. — O senhor viu um homem
careca com uma tipoia no braço?
O homem ergueu os olhos do livro com uma expressão confusa.
— Um careca com uma tipoia! — repetiu Anderson com mais firmeza. — O senhor o viu?
O turista hesitou e, nervoso, olhou para a extremidade leste do corredor.
— Hã... vi, sim — respondeu. — Acho que ele acabou de passar correndo por mim... na direção
daquela escada ali. — Ele apontou para o final do corredor.
Anderson sacou o rádio e berrou no aparelho.
— Atenção, todos os postos! O suspeito está se dirigindo para a saída sudeste. Todos para lá!
— Ele guardou o rádio e arrancou a arma do coldre, pondo-se a correr rumo à saída.
Trinta segundos depois, o louro musculoso de blazer azul saiu tranquilamente pela ala leste do
Capitólio para o ar úmido da noite. Sorriu, saboreando o frescor do lado de fora.
Transformação.
Tinha sido tão fácil.
Apenas um minuto antes, ele saíra rapidamente da Rotunda mancando e usando um casaco
militar. Depois de se esconder em um vão mal iluminado, havia tirado o casaco militar, revelando o
blazer azul que usava por baixo. Antes de se desfazer do casaco, sacara uma peruca loura do bolso,
colocando-a com cuidado sobre a cabeça. Então endireitou o corpo, tirou do blazer um guia de
Washington e saiu calmamente do vão com um passo elegante.
Transformação. É esse o meu dom.
Enquanto as pernas mortais de Mal’akh carregavam-no em direção à limusine que o aguardava,
ele arqueou as costas, esticando todo o seu 1,90m e jogando os ombros para trás. Respirou fundo,
deixando o ar encher seus pulmões. Podia sentir as asas da fênix tatuada em seu peito se abrindo.
Se ao menos eles conhecessem o meu poder, pensou, olhando para a cidade à sua frente. Hoje
à noite minha transformação irá se completar.
Mal’akh tivera uma conduta impecável dentro do Capitólio, demonstrando obediência a todas as
regras de etiqueta ancestrais. O antigo convite foi entregue. Se Langdon ainda não tivesse
compreendido qual era seu papel ali naquela noite, logo iria entender.
CAPÍTULO 13
A Rotunda do Capitólio — assim como a Basílica de São Pedro — sempre tinha o dom de
surpreender Robert Langdon. Ele sabia que aquele espaço era grande o suficiente para comportar com
folga a Estátua da Liberdade, mas de alguma forma a Rotunda sempre lhe parecia maior e mais
sagrada do que ele esperava, como se espíritos pairassem no ar. Naquela noite, porém, havia apenas
caos.
Agentes de segurança do Capitólio estavam isolando a Rotunda ao mesmo tempo que tentavam
guiar os turistas perplexos para longe da mão. O menininho continuava chorando. Uma luz forte se
acendeu — um turista tirando uma foto da mão —, e vários seguranças agarraram imediatamente o
homem, tomando-lhe a câmera e escoltando-o até a saída. Na confusão, Langdon se viu andando para
a frente como em um transe, abrindo caminho pelo aglomerado de gente para chegar cada vez mais
perto da mão.
A mão direita cortada de Peter Solomon estava na vertical, com a superfície plana do pulso
seccionado fincada no prego de uma pequena base de madeira. Três dos dedos estavam fechados,
enquanto o polegar e o indicador se encontravam esticados, apontando para cima em direção à cúpula
altíssima.
— Todos para trás! — exclamou um dos agentes.