Page 234 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 234
— É claro. Uma janela para o céu... bem em cima do altar.
O UH-60 estava pousado em Dupont Circle com o motor ligado.
Sentada ao lado do piloto, Sato roía as unhas enquanto aguardava notícias de sua equipe.
Por fim, a voz de Simkins saiu do rádio com um chiado:
— Diretora?
— Sato falando — bradou ela.
— Estamos entrando no prédio, mas tenho um dado novo que talvez seja interessante para a
senhora.
— Pode falar.
— O Sr. Langdon acaba de me informar que a sala em que o alvo provavelmente está tem uma
claraboia bem grande.
Sato refletiu sobre essa informação por vários segundos.
— Entendido. Obrigada.
Simkins desligou.
Sato cuspiu uma unha e virou-se para o piloto.
— Vamos subir.
CAPÍTULO 121
Como qualquer pai ou mãe que houvesse perdido um filho, Peter Solomon muitas vezes
imaginara como seu menino estaria agora... qual seria seu aspecto... e em que ele teria se
transformado.
Agora tinha suas respostas.
A imensa criatura tatuada à sua frente começara a vida como um bebê pequenino e muito
amado... o pequeno Zach, aninhado no berçinho... ensaiando os primeiros passos no escritório de
Peter... aprendendo a falar as primeiras palavras.
O fato de o mal poder brotar de uma criança inocente no seio de uma família amorosa
continuava sendo um dos paradoxos da alma humana. Peter muito cedo fora forçado a aceitar que,
embora seu próprio sangue corresse nas veias de Zach, o coração que o bombeava pertencia apenas
ao filho. Único e singular... como se escolhido aleatoriamente pelo Universo.
Meu filho... Ele matou minha mãe, meu amigo Robert Langdon e possivelmente minha irmã.
Um torpor gélido inundou o coração de Peter enquanto ele examinava OS olhos do filho à
procura de alguma ligação... de qualquer coisa conhecida. Mas os olhos daquele homem, embora
cinzentos como os seus, eram os de um total desconhecido e estavam tomados por um ódio e um
desejo de vingança quase sobrenaturais.
— Você é forte o suficiente? — provocou o filho, olhando de relance para a faca da Akedah na
mão de Peter. Consegue terminar o que começou tantos anos atrás?
— Filho... — Solomon mal conseguiu reconhecer a própria voz. — Eu... eu amei você.
— Você tentou me matar duas vezes. Primeiro, me abandonou na prisão. Depois, me deu um
tiro na ponte do Zach. Agora acabe com isso!
Por um instante, Solomon teve a sensação de estar flutuando fora do próprio corpo. Não
reconhecia mais a si mesmo. Sua mão tinha sido cortada, ele estava inteiramente careca, vestido com
uma túnica preta, sentado numa cadeira de rodas e segurando uma faca ancestral.
— Acabe com isso! — tornou a gritar o homem, fazendo as tatuagens em seu peito nu se
contraírem. — Me matar é sua única chance de salvar Katherine... e de salvar sua irmandade!
Solomon sentiu o próprio olhar se mover na direção do laptop sobre a cadeira de couro de porco.
ENVIANDO MENSAGEM: 92%
Não conseguia apagar as imagens de Katherine se esvaindo em sangue... nem de seus irmãos
maçons.
— Ainda há tempo — sussurrou o homem. — Você sabe que é a única alternativa. Liberte-me da
minha forma mortal.
— Por favor — implorou Solomon. — Não faça isso...