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— É claro. Uma janela para o céu... bem em cima do altar.
                 O UH-60 estava pousado em Dupont Circle com o motor ligado.
                 Sentada ao lado do piloto, Sato roía as unhas enquanto aguardava notícias de sua equipe.
                 Por fim, a voz de Simkins saiu do rádio com um chiado:
                 — Diretora?
                 — Sato falando — bradou ela.
                 — Estamos entrando no prédio, mas tenho um dado novo que talvez seja interessante para a
          senhora.
                 — Pode falar.
                 — O Sr. Langdon acaba de me informar que a sala em que o alvo provavelmente está tem uma
          claraboia bem grande.
                 Sato refletiu sobre essa informação por vários segundos.
                 — Entendido. Obrigada.
                 Simkins desligou.
                 Sato cuspiu uma unha e virou-se para o piloto.
                 — Vamos subir.




          CAPÍTULO 121


                 Como  qualquer  pai  ou  mãe  que  houvesse  perdido  um  filho,  Peter  Solomon  muitas  vezes
          imaginara  como  seu  menino  estaria  agora...  qual  seria  seu  aspecto...  e  em  que  ele  teria  se
          transformado.
                 Agora tinha suas respostas.
                 A  imensa  criatura  tatuada  à  sua  frente  começara  a  vida  como  um  bebê  pequenino  e  muito
          amado...  o  pequeno  Zach,  aninhado  no  berçinho...  ensaiando  os  primeiros  passos  no  escritório  de
          Peter... aprendendo a falar as primeiras palavras.
                 O  fato  de  o  mal  poder  brotar  de  uma  criança  inocente  no  seio  de  uma  família  amorosa
          continuava sendo um dos paradoxos da alma humana. Peter muito cedo fora forçado a aceitar que,
          embora seu próprio sangue corresse nas veias de Zach, o coração que o bombeava pertencia apenas
          ao filho. Único e singular... como se escolhido aleatoriamente pelo Universo.
                 Meu filho... Ele matou minha mãe, meu amigo Robert Langdon e possivelmente minha irmã.
                 Um  torpor  gélido  inundou  o  coração  de  Peter  enquanto  ele  examinava  OS  olhos  do  filho  à
          procura  de  alguma  ligação...  de  qualquer  coisa  conhecida.  Mas  os  olhos  daquele  homem,  embora
          cinzentos  como  os  seus,  eram  os  de  um  total  desconhecido  e  estavam  tomados  por  um  ódio  e  um
          desejo de vingança quase sobrenaturais.
                 — Você é forte o suficiente? — provocou o filho, olhando de relance para a faca da Akedah na
          mão de Peter. Consegue terminar o que começou tantos anos atrás?
                 — Filho... — Solomon mal conseguiu reconhecer a própria voz. — Eu... eu amei você.
                 — Você tentou me matar duas vezes. Primeiro, me abandonou na prisão. Depois, me deu um
          tiro na ponte do Zach. Agora acabe com isso!
                 Por  um  instante,  Solomon  teve  a  sensação  de  estar  flutuando  fora  do  próprio  corpo.  Não
          reconhecia mais a si mesmo. Sua mão tinha sido cortada, ele estava inteiramente careca, vestido com
          uma túnica preta, sentado numa cadeira de rodas e segurando uma faca ancestral.
                 —  Acabe  com  isso!  —  tornou  a  gritar  o  homem,  fazendo  as  tatuagens  em  seu  peito  nu  se
          contraírem. — Me matar é sua única chance de salvar Katherine... e de salvar sua irmandade!
                 Solomon sentiu o próprio olhar se mover na direção do laptop sobre a cadeira de couro de porco.

                 ENVIANDO MENSAGEM: 92%

                 Não conseguia apagar as imagens de Katherine se esvaindo em sangue... nem de seus irmãos
          maçons.
                 — Ainda há tempo — sussurrou o homem. — Você sabe que é a única alternativa. Liberte-me da
          minha forma mortal.
                 — Por favor — implorou Solomon. — Não faça isso...
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