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CAPÍTULO 123
Dentro da Catedral Nacional, o decano Galloway sentiu uma estranha mudança no ar. Não sabia
dizer ao certo por que, mas foi como se uma sombra espectral houvesse evaporado... como se um peso
tivesse sido erguido... muito longe dali, mas ao mesmo tempo bem próximo.
Sozinho diante de sua escrivaninha, ele estava imerso em pensamentos. Não poderia precisar
quantos minutos haviam se passado quando seu telefone tocou. Era Warren Bellamy.
— Peter está vivo — disse seu irmão maçom. — Acabei de receber a notícia. Sabia que gostaria
de ser informado na mesma hora. Ele vai ficar bem.
— Graças a Deus. — Galloway suspirou aliviado. — Onde ele está?
O reverendo ficou ouvindo Bellamy contar a extraordinária história do que havia acontecido
depois de eles deixarem o Cathedral College.
— Vocês estão todos bem?
— Sim, estamos nos recuperando — respondeu Bellamy. — Mas há um porém.
— Ele fez uma pausa.
— Sim?
— A Pirâmide Maçônica... acho que Langdon talvez a tenha decifrado.
Galloway não pôde evitar um sorriso. De certa forma, não estava surpreso.
— E me diga uma coisa: Langdon descobriu se a pirâmide cumpria ou não sua promessa? Se
ela de fato revelava o que a lenda sempre alegou que fosse capaz de revelar?
— Ainda não sei.
Ela vai revelar, pensou Galloway.
— Você precisa descansar — disse o decano.
— Você também.
Não, eu preciso é rezar.
CAPÍTULO 124
Quando a porta do elevador se abriu, as luzes da Sala do Templo estavam todas acesas.
Katherine Solomon ainda sentia as pernas bambas quando entrou às pressas em busca do
irmão. O ar na imensa câmara era frio e recendia a incenso. E a cena à sua frente a fez estacar na
hora.
No centro daquele magnífico recinto, sobre um altar baixo de pedra, jazia um corpo
ensanguentado cheio de tatuagens, perfurado por lanças de caco de vidro. Lá no alto, um grande rombo
no teto se abria para o céu.
Meu Deus. Katherine desviou o rosto na mesma hora, olhando em volta à procura de Peter.
Achou o irmão sentado do outro lado da câmara, sendo assistido por um paramédico enquanto
conversava com Langdon e a diretora Sato.
— Peter! — gritou Katherine, correndo para lá. — Peter!
Peter ergueu os olhos e seu rosto se encheu de alívio. Pondo-se de pé no mesmo instante,
começou a andar em direção a ela. Ele vestia uma camisa branca simples e uma calça preta que
alguém provavelmente buscara em seu escritório em um dos andares de baixo. Tinha o braço direito em
uma tipoia, e seu abraço delicado foi canhestro, porém Katherine mal deu atenção a isso. Uma
conhecida sensação de reconforto a envolveu feito um casulo, como sempre acontecia, mesmo na
infância, quando seu irmão mais velho, seu protetor, a tomava nos braços.
Os dois ficaram abraçados em silêncio.
Por fim, Katherine sussurrou:
— Você está bem? Quer dizer... está bem mesmo? — Ela o soltou, baixando os olhos para a
tipoia e as ataduras onde antes ficava sua mão direita. Lágrimas tornaram a marejar seus olhos. — Eu
sinto... eu sinto tanto.
Peter deu de ombros, como se aquilo não tivesse a menor importância.
— É só carne mortal. Corpos não duram para sempre. O importante é você estar bem.