Page 240 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 240
A resposta tranquila de Peter calou fundo em Katherine, fazendo com que lembrasse todos os
motivos pelos quais amava o irmão. Ela acariciou sua cabeça, sentindo os laços inquebrantáveis da
família... o sangue em comum que corria por suas veias.
Tragicamente, ela sabia que havia um terceiro Solomon ali naquela noite.
O cadáver sobre o altar atraiu seu olhar, e Katherine sentiu um calafrio, tentando não pensar nas
fotos que tinha visto.
Ao desviar os olhos, se deparou com Robert Langdon. Havia compaixão em seu rosto, uma
compaixão profunda e compreensiva, como se Langdon de certa forma soubesse exatamente o que se
passava na mente dela. Peter sabe. Emoções intensas tomaram conta de Katherine — alívio, empatia,
desespero. Ela sentiu o corpo do jrmão começar a tremer como o de uma criança. Aquilo era algo que
nunca tinha visto na vida.
— Está tudo bem — sussurrou ela. — Vai passar.
Os tremores de Peter aumentaram.
Ela tornou a abraçá-lo, acariciando-lhe a nuca.
— Peter, você sempre foi o mais forte... sempre me amparou. Mas hoje sou eu que estou aqui
para você. Está tudo bem. Eu estou aqui.
Katherine pousou com delicadeza a cabeça do irmão sobre seu ombro... e o grande Peter
Solomon desabou em seus braços aos soluços.
A diretora Sato se afastou para atender um telefonema.
Era Nola Kaye. Suas notícias, pelo menos desta vez, eram boas.
— Ainda nenhum sinal de distribuição, senhora. — Ela parecia esperançosa. — Tenho certeza
de que a essa altura já teríamos visto alguma coisa. Parece que vocês conseguiram conter a
mensagem.
Graças a você, Nola, pensou Sato, olhando para o laptop que, segundo Langdon, havia enviado
a mensagem. Foi por muito pouco.
Seguindo uma sugestão de Nola, o agente que revistava a mansão tinha verificado as latas de
lixo e encontrado a embalagem de um modem de celular recém-comprado. De posse do número exato
do modelo, Nola conseguira cruzá-lo com as empresas, larguras de banda e redes de serviço
compatíveis, isolando assim o ponto de acesso mais provável do laptop — um pequeno transmissor na
esquina das ruas 16 e Corcoran —, a três quarteirões do Templo.
Nola rapidamente transmitira a informação para Sato no helicóptero. No trajeto até a Casa do
Templo, o piloto havia sobrevoado o ponto de acesso em baixa altitude e disparado sobre ele um pulso
de radiação eletromagnética, desabilitando-o segundos antes de o laptop concluir a transferência do
arquivo.
— Ótimo trabalho hoje à noite — disse Sato. — Agora vá dormir um pouco. Você merece.
— Obrigada, senhora. — Nola hesitou.
— Algo mais?
Nola passou vários segundos em silêncio, aparentemente pensando se deveria ou não falar.
— Nada que não possa esperar até amanhã de manhã, senhora. Tenha uma boa noite.
CAPÍTULO 125
No silêncio de um banheiro luxuoso no térreo da Casa do Templo, Robert Langdon encheu uma
pia com água morna e se olhou no espelho. Mesmo sob aquela luz tênue, sua aparência condizia com a
maneira como se sentia... exausto.
Tinha novamente a bolsa de viagem sobre o ombro, agora muito mais leve, pois continha
apenas seus pertences e algumas anotações amassadas. Não pôde conter uma risadinha. Sua visita a
Washington naquela noite para dar uma palestra havia se revelado um pouco mais cansativa do que ele
imaginara.
Ainda assim, Langdon tinha muitos motivos para se sentir grato.
Peter está vivo.
E o vídeo não foi enviado.
Enquanto lavava o rosto com água morna usando as mãos em concha, Langdon sentiu que ia
aos poucos voltando à vida. Tudo ainda estava embaçado, mas a adrenalina em seu corpo finalmente