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— Tomando por base a astrologia — prosseguiu Langdon —, a grande pirâmide se ergue da
Terra... elevando-se rumo ao céu... o eterno símbolo do saber perdido. Ela está preenchida pelas
grandes filosofias e religiões da história.., egípcia, pitagórica, budista, hinduísta, islâmica, judaico-cristã,
e assim por diante... todas fluindo para cima, fundindo-se, afunilando-se para atravessar o portal
transformador da pirâmide... onde finalmente se juntam em uma só filosofia humana unificada. — Ele
fez uma pausa. — Uma única consciência universal.., uma visão global compartilhada de Deus...
representada pelo antigo símbolo que paira acima do cume.
— O circumponto — disse Peter. — Um símbolo universal de Deus.
— Isso. Ao longo da história, o circumponto representou todas as coisas para todas as
pessoas... ele é o deus-sol Rá, o ouro alquímico, o olho que tudo vê, o ponto que deu origem ao Big
Bang, o...
— O Grande Arquiteto do Universo.
Langdon assentiu, com a sensação de que aquele provavelmente havia sido o argumento usado
por Peter na Sala do Templo para vender a ideia do circumponto como a Palavra Perdida.
— E por último? — indagou Peter. — E a escadaria?
Langdon baixou os olhos para a imagem dos degraus sob a pirâmide.
— Peter, eu tenho certeza de que você sabe melhor do que ninguém que isto aqui simboliza a
Escada em Caracol da Francomaçonaria... que sobe das trevas terrenas em direção à luz... como a
Escada de Jacó subindo até o céu... ou a coluna vertebral humana, que conecta o corpo mortal à mente
eterna. — Ele fez uma pausa. — Quanto ao resto dos signos, eles parecem ser uma mistura de
símbolos celestes, maçônicos e científicos, todos corroborando os Antigos Mistérios.
Solomon acariciou o queixo.
— Uma interpretação elegante, professor. Concordo, é claro, que esta grade pode ser lida como
uma alegoria, mas ainda assim... — Um brilho misterioso cintilou em seus olhos. — Esta coleção de
símbolos conta também outra história, muito mais reveladora.
— Ah,é?
Solomon recomeçou a andar pela biblioteca, contornando a mesa.
— Hoje, na Sala do Templo, quando eu achei que ia morrer, olhei para essa grade e de alguma
forma consegui ver além da metáfora, além da alegoria. Enxerguei a essência do que esses símbolos
estão nos dizendo. — Ele fez uma pausa e se virou abruptamente para Langdon. — Essa grade revela
o local exato onde está enterrada a Palavra Perdida.
— Como?
Langdon se remexeu na cadeira, pouco à vontade, temendo que o trauma daquela noite
pudesse ter deixado Peter desorientado e confuso.
— Robert, a lenda sempre descreveu a Pirâmide Maçônica como um mapa, um mapa muito
específico, capaz de guiar quem fosse merecedor à localização secreta da Palavra Perdida. — Solomon
bateu com o dedo na grade de símbolos diante de Langdon. — Garanto a você que estes símbolos são
exatamente o que a lenda diz que são... um mapa. Um diagrama que revela com precisão onde
podemos encontrar a escadaria que conduz à Palavra Perdida.
Langdon soltou uma risada nervosa, assumindo um tom cauteloso.
— Mesmo que eu acreditasse na Lenda da Pirâmide Maçônica, esta grade de símbolos não
pode ser um mapa. Olhe só para ela. Não se parece em nada com um.
Solomon sorriu.
— Às vezes basta uma ínfima mudança de perspectiva para vermos algo conhecido sob uma luz
totalmente nova.
Langdon tornou a olhar, mas não viu nada de novo.
— Deixe-me fazer uma pergunta a você — disse Peter. — Quando os maçons assentam suas
pedras angulares, você sabe por que eles as colocam no canto nordeste de um prédio?
— Claro, porque esse canto recebe os primeiros raios de luz da manhã. É um símbolo do poder
da arquitetura, o de subir da terra em direção à luz.
— Isso mesmo — disse Peter. — Então talvez você devesse procurar aqui os primeiros raios de
luz. — Ele indicou a grade de símbolos. — No canto nordeste.
Langdon tornou a olhar para o papel, em direção ao canto superior direito, ou nordeste. O
símbolo nesse canto era
— Uma flecha apontando para baixo — disse Langdon, tentando entender aonde Solomon
estava querendo chegar. — O que significa... debaixo de Heredom.
— Não, Robert, debaixo, não — retrucou Solomon. — Pense. Essa grade não é um labirinto
metafórico. Ela é um mapa. E, neles, uma flecha que aponta para baixo significa...
— O sul! — exclamou Langdon, surpreso.