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se ouvir o nítido chiado da descarga de uma arma de choque, seguido por um arquejo de dor quando
          um milhão de volts de eletricidade percorreram o corpo de Peter Solomon. Seus olhos se esbugalharam
          e  ele  afundou  inerte  na  cadeira.  Mal’akh  então  se  levantou,  avultando-se  sobre  o  outro  homem,
          salivando feito um leão prestes a devorar a presa ferida.
                 Solomon arquejava, lutando para respirar.
                 Mal’akh viu medo nos olhos de sua vítima e se perguntou quantas pessoas já tinham visto o
          grande  Peter  Solomon  se  encolher  de  pavor.  Saboreou  aquela  cena  durante  um  longo  minuto.
          Enquanto esperava o homem recuperar o fôlego, tomou um gole do chá.
                 Em meio a espasmos, Solomon tentava falar.
                 — P... por quê? — ele conseguiu dizer por fim.
                 — Por que você acha? — perguntou Mal’akh.
                 Solomon parecia genuinamente perplexo.
                 — Você quer... dinheiro?
                 Dinheiro? Mal’akh riu e tomou outro gole de chá.
                 —  Eu  doei  milhões  de  dólares  aos  maçons;  não  preciso  de  riquezas.  —  Vim  atrás  de
          conhecimento, e ele me oferece riquezas.
                 — Então... o que você quer?
                 — Você detém um segredo. Hoje à noite vai compartilhá-lo comigo.
                 Solomon se esforçou para erguer o queixo de modo a encarar Mal’akh nos olhos.
                 — Não estou... entendendo.
                 — Chega de mentiras! — gritou Mal’akh, avançando até ficar a poucos centímetros do homem
          paralisado. — Eu sei o que está escondido aqui em Washington.
                 Uma expressão desafiadora animava os olhos cinzentos de Solomon.
                 — Não faço ideia do que você está falando!
                 Mal’akh deu outro gole no chá e pousou a xícara sobre um porta-copos.
                 — Você me disse essas mesmas palavras há 10 anos, na noite em que sua mãe morreu.
                 Os olhos de Solomon se arregalaram.
                 — Você...?
                 — Ela não precisava ter morrido. Se você tivesse me dado o que eu pedi...
                 O rosto do homem mais velho se contorceu, transformando-se em uma máscara de horror na
          qual se misturavam reconhecimento... e incredulidade.
                 — Eu avisei — disse Mal’akh — que se você puxasse o gatilho eu iria assombrá-lo para sempre.
                 — Mas você está...
                 Mal’akh avançou, tornando a pressionar com força a arma de choque contra o peito de Solomon.
          Houve outro clarão azul, e Solomon ficou totalmente inerte.
                 Mal’akh guardou a pistola no bolso, terminando de beber seu chá com calma. Quando acabou,
          enxugou a boca com um guardanapo de linho bordado com um monograma e olhou para sua vítima.
                 — Vamos?
                 O corpo de Solomon estava imóvel, mas seus olhos continuavam arregalados e alertas.
                 Mal’akh se agachou perto dele e sussurrou no seu ouvido.
                 — Vou levar você a um lugar onde só a verdade permanece.
                 Sem  mais  nenhuma  palavra,  Mal’akh  embolou  o  guardanapo  com  o  monograma  e  o  enfiou
          dentro da boca de Solomon. Então, ergueu o corpo flácido do
                 homem sobre os ombros largos e encaminhou-se para o elevador privativo. Na saída, recolheu
          da mesa do hall o iPhone e as chaves de Solomon.
                 Hoje à noite você vai me contar todos os seus segredos pensou Mal’akh. Inclusive por que me
          abandonou tantos anos atrás como se eu tivesse morrido.


          CAPÍTULO 30

                 Nível SB.
                 Subsolo do Senado.
                 A claustrofobia de Robert Langdon se apoderava dele com mais força a cada degrau descido às
          pressas. À medida que eles penetravam mais fundo nos alicerces originais do prédio, o ar se tornava
          mais  pesado  e  a  ventilação  parecia  inexistente.  As  paredes  ali  embaixo  eram feitas  de  uma mistura
          irregular de pedra e tijolos amarelos.
                 Enquanto andavam, a diretora Sato digitava em seu BlackBerry. Langdon percebia uma certa
          desconfiança  no  comportamento  contido  da  mulher,  mas  essa  sensação  estava  rapidamente  se
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