Page 70 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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se ouvir o nítido chiado da descarga de uma arma de choque, seguido por um arquejo de dor quando
um milhão de volts de eletricidade percorreram o corpo de Peter Solomon. Seus olhos se esbugalharam
e ele afundou inerte na cadeira. Mal’akh então se levantou, avultando-se sobre o outro homem,
salivando feito um leão prestes a devorar a presa ferida.
Solomon arquejava, lutando para respirar.
Mal’akh viu medo nos olhos de sua vítima e se perguntou quantas pessoas já tinham visto o
grande Peter Solomon se encolher de pavor. Saboreou aquela cena durante um longo minuto.
Enquanto esperava o homem recuperar o fôlego, tomou um gole do chá.
Em meio a espasmos, Solomon tentava falar.
— P... por quê? — ele conseguiu dizer por fim.
— Por que você acha? — perguntou Mal’akh.
Solomon parecia genuinamente perplexo.
— Você quer... dinheiro?
Dinheiro? Mal’akh riu e tomou outro gole de chá.
— Eu doei milhões de dólares aos maçons; não preciso de riquezas. — Vim atrás de
conhecimento, e ele me oferece riquezas.
— Então... o que você quer?
— Você detém um segredo. Hoje à noite vai compartilhá-lo comigo.
Solomon se esforçou para erguer o queixo de modo a encarar Mal’akh nos olhos.
— Não estou... entendendo.
— Chega de mentiras! — gritou Mal’akh, avançando até ficar a poucos centímetros do homem
paralisado. — Eu sei o que está escondido aqui em Washington.
Uma expressão desafiadora animava os olhos cinzentos de Solomon.
— Não faço ideia do que você está falando!
Mal’akh deu outro gole no chá e pousou a xícara sobre um porta-copos.
— Você me disse essas mesmas palavras há 10 anos, na noite em que sua mãe morreu.
Os olhos de Solomon se arregalaram.
— Você...?
— Ela não precisava ter morrido. Se você tivesse me dado o que eu pedi...
O rosto do homem mais velho se contorceu, transformando-se em uma máscara de horror na
qual se misturavam reconhecimento... e incredulidade.
— Eu avisei — disse Mal’akh — que se você puxasse o gatilho eu iria assombrá-lo para sempre.
— Mas você está...
Mal’akh avançou, tornando a pressionar com força a arma de choque contra o peito de Solomon.
Houve outro clarão azul, e Solomon ficou totalmente inerte.
Mal’akh guardou a pistola no bolso, terminando de beber seu chá com calma. Quando acabou,
enxugou a boca com um guardanapo de linho bordado com um monograma e olhou para sua vítima.
— Vamos?
O corpo de Solomon estava imóvel, mas seus olhos continuavam arregalados e alertas.
Mal’akh se agachou perto dele e sussurrou no seu ouvido.
— Vou levar você a um lugar onde só a verdade permanece.
Sem mais nenhuma palavra, Mal’akh embolou o guardanapo com o monograma e o enfiou
dentro da boca de Solomon. Então, ergueu o corpo flácido do
homem sobre os ombros largos e encaminhou-se para o elevador privativo. Na saída, recolheu
da mesa do hall o iPhone e as chaves de Solomon.
Hoje à noite você vai me contar todos os seus segredos pensou Mal’akh. Inclusive por que me
abandonou tantos anos atrás como se eu tivesse morrido.
CAPÍTULO 30
Nível SB.
Subsolo do Senado.
A claustrofobia de Robert Langdon se apoderava dele com mais força a cada degrau descido às
pressas. À medida que eles penetravam mais fundo nos alicerces originais do prédio, o ar se tornava
mais pesado e a ventilação parecia inexistente. As paredes ali embaixo eram feitas de uma mistura
irregular de pedra e tijolos amarelos.
Enquanto andavam, a diretora Sato digitava em seu BlackBerry. Langdon percebia uma certa
desconfiança no comportamento contido da mulher, mas essa sensação estava rapidamente se