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macio quando sentiu a lateral do pé direito tocar o cimento duro. Espantada, corrigiu instintivamente o
          curso para a esquerda, tornando a pisar no carpete com os dois pés.
                 A voz de Katherine se materializou mais adiante, e suas palavras quase foram engolidas pela
          acústica sem vida daquele abismo.
                 — O corpo humano é espantoso — disse ela. — Se você o priva de uma informação sensorial,
          os  outros  sentidos  assumem  o  comando  quase  no  mesmo  instante.  Neste  momento,  os  nervos  dos
          seus pés estão literalmente “se ajustando” para ficarem mais sensíveis.
                 Que bom, pensou Trish, tornando a corrigir seu curso.
                 As duas caminharam em silêncio durante um tempo que pareceu longo demais.
                 — Quanto falta? — perguntou Trish por fim.
                 — Estamos mais ou menos na metade. — A voz de Katherine agora soava mais distante.
                 Trish apertou o passo, fazendo o possível para se controlar, mas a extensão daquele negrume
          parecia prestes a engolfá-la. Não consigo ver um milímetro à frente do nariz!
                 — Katherine? Como você sabe quando é para parar de andar?
                 — Você vai saber daqui a pouquinho — respondeu Katherine.
                 Isso  fazia  um  ano,  e  agora  Trish  estava  novamente  no  meio  do  vazio,  andando  na  direção
          oposta, a caminho da recepção, para acolher o convidado da chefe. Uma súbita mudança na textura do
          piso sob seus pés a alertou de que ela estava a poucos metros da saída. A faixa de transição, como
          dizia Peter Solomon, referindo-se à área intermediária que delimita um campo de beisebol; ele era fã do
          esporte. Trish parou abruptamente, sacou o cartão de acesso e tateou no escuro até encontrar o lugar
          para inseri-lo.
                 A porta se abriu com um silvo.
                 Trish apertou os olhos para protegê-los da acolhedora luz do corredor do CAMS.
                 Consegui... de novo.
                 Enquanto  percorria  os  corredores  desertos,  Trish  se  pegou  pensando  no  estranho  arquivo
          editado que elas haviam encontrado em um servidor seguro.
                 Antigo  portal?  Localização  subterrânea  secreta?  Imaginou  como  Mark  Zoubianis  estaria  se
          saindo na tentativa de descobrir onde estava armazenado o misterioso arquivo.
                 Dentro da sala de controle, Katherine estava parada diante do brilho suave do telão de plasma,
          com  os  olhos  erguidos  para  o  enigmático  arquivo  que  haviam  descoberto.  Tinha  isolado  suas
          expressões-chave e estava cada vez mais certa de que aquele texto se referia à lenda improvável que o
          irmão aparentemente contara ao Dr. Abaddon.

                 ... uma localização SUBTERRÂNEA secreta onde...
                 ... lugar em WASHINGTON, D.C., as coordenadas...
                 ... revelou um ANTIGO PORTAL que conduzia...
                 ... que a PIRÂMIDE reserva perigosas...
                 ... decifrar esse SYMBOLON GRAVADO para revelar...

                 Preciso ver o resto desse arquivo, pensou Katherine.
                 Passou mais alguns segundos encarando as palavras, então desligou o interruptor do telão de
          plasma.  Katherine  sempre  desligava  aquele  monitor,  que  consumia  muita  energia,  de  modo  a  não
          desperdiçar as reservas de hidrogênio líquido do gerador.
                 Ela  observou  as  palavras  se  apagando  devagar,  minguando  até  se  transformarem  em  um
          minúsculo pontinho branco, que tremeluziu no meio da parede antes de finalmente se extinguir.
                 Em  seguida,  virou  e  caminhou  em  direção  à  sua  sala, O  Dr.  Abaddon  iria  chegar  a qualquer
          momento, e ela queria que ele se sentisse bem-vindo.


          CAPÍTULO 32

                 — Estamos quase lá — disse Anderson, guiando Langdon e Sato pelo corredor aparentemente
          sem fim que cortava toda a extensão da ala leste do Capitólio. — Na época de Lincoln, este corredor
          tinha piso de terra batida e era cheio de ratos.
                 Langdon se sentiu grato pelo piso ter sido ladrilhado; não era um grande fã de ratos. O grupo
          seguiu  em  frente  com  o  tamborilar  de  seus  passos  criando  um  eco  sinistro  e  irregular  no  corredor
          comprido. Portas margeavam a longa passagem, algumas fechadas, porém muitas entreabertas. Várias
          das salas naquele andar pareciam abandonadas. Langdon percebeu que os números agora decresciam
          e, depois de algum tempo, pareciam estar se esgotando.
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