Page 78 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 78

Enquanto andava até a escada rolante, uma súbita batida na porta o fez se virar. Ele estreitou os
          olhos na direção da entrada principal e viu um senhor negro do lado de fora, batendo no vidro com a
          palma da mão aberta e gesticulando para que ele o deixasse entrar.
                 Nuñez sacudiu a cabeça e apontou para o relógio.
                 O homem tornou a bater no vidro e deu um passo para debaixo da luz. Estava vestido de forma
          impecável com um terno azul e tinha os cabelos grisalhos rentes à cabeça. A pulsação de Nuñez se
          acelerou.  Puta  merda.  Mesmo  de  longe,  ele  reconheceu  o  homem.  Voltou  às  pressas  para  a  porta
          principal, destrancando-a em seguida.
                 — Sinto muito, senhor. Entre, por favor.
                 Warren  Bellamy  —  Arquiteto  do  Capitólio  —  cruzou  a  soleira  e  agradeceu  a  Nuñez  com  um
          gesto educado da cabeça. Bellamy era ágil e esbelto, com uma postura ereta e um olhar penetrante que
          exalavam segurança. Ali estava um homem que tinha total controle do ambiente ao seu redor: fazia 25
          anos que ele trabalhava como supervisor do Capitólio.
                 — Posso ajudá-lo, senhor? — perguntou Nuñez.
                 — Pode, sim, obrigado. — Bellamy pronunciava as palavras com uma precisão cristalina. Como
          havia estudado em uma das universidades de elite do nordeste dos Estados Unidos, sua dicção era tão
          distinta que soava quase britânica.
                 — Acabei de saber que houve um incidente aqui hoje à noite. — Ele parecia muito preocupado.
                 — Sim, senhor, nós tivemos...
                 — Onde está o chefe Anderson?
                 — Lá embaixo, com a diretora Sato, do Escritório de Segurança da CIA.
                 Os olhos de Bellamy se arregalaram.
                 — A CIA está aqui?
                 — Está, sim, senhor. A diretora Sato chegou quase imediatamente depois do incidente.
                 — Por quê? — quis saber Bellamy.
                 Nuñez deu de ombros. Como se eu fosse perguntar.
                 Bellamy se encaminhou direto para as escadas rolantes.
                 — Onde eles estão?
                 — Acabaram de descer para os andares inferiores. — Nuñez pôs-se a segui-lo apressado.
                 Bellamy olhou para trás com uma expressão preocupada.
                 — Para os andares inferiores? Por quê?
                 — Não sei bem.., só escutei isso no rádio.
                 O Arquiteto passara a andar mais depressa.
                 — Leve-me agora mesmo até onde eles estão.
                 — Sim, senhor.
                 Enquanto os dois cruzavam a passos rápidos o amplo saguão, Nuñez viu de relance um grande
          anel de ouro no dedo de Bellamy.
                 O segurança sacou o rádio.
                 — Vou avisar ao chefe que o senhor está descendo.
                 —  Não.  —  Os  olhos  de  Bellamy  faiscaram  de  maneira  ameaçadora.  —  Prefiro  não  ser
          anunciado.
                 Nuñez  tinha  cometido  alguns  erros  graves  naquela  noite,  mas  deixar  de  avisar  ao  chefe
          Anderson que o Arquiteto estava no prédio seria o seu último.
                 — Senhor? — indagou ele, pouco à vontade. — Eu acho que o chefe Anderson iria preferir...
                 — Você tem consciência de que eu sou o patrão do Sr. Anderson? — atalhou Bellamy.
                 Nuñez aquiesceu.
                 — Então eu acho que ele iria preferir que você obedecesse às minhas ordens.


          CAPÍTULO 34

                 Trish  Dunne  entrou  na  recepção  do  CAMS  e  ergueu  os  olhos,  surpresa.  O  convidado  que  a
          esperava ali não se parecia em nada com os doutores que frequentavam aquele complexo — ratos de
          biblioteca  vestindo  roupas  de  flanela  com  pós-graduação  em  antropologia,  oceanografia,  geologia  e
          outras  disciplinas  científicas.  Muito  pelo  contrário:  com  seu  terno  impecavelmente  cortado,  o  Dr.
          Abaddon parecia quase aristocrático. Era alto, tinha o peito largo, o rosto bronzeado e cabelos louros
          penteados com esmero, dando a Trish a impressão de que ele estava mais acostumado ao luxo do que
          aos laboratórios.
                 — Dr. Abaddon, suponho? — disse ela estendendo a mão.
   73   74   75   76   77   78   79   80   81   82   83